segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

NOTA DE REPÚDIO DA ABGLT SOBRE O COMPORTAMENTO DE MARCELO DOURADO NO PROGRAMA BIG BROTHER BRASIL 10


A ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – é uma entidade de abrangência nacional que congrega 237 organizações congêneres e tem como objetivo a defesa e promoção da cidadania desses segmentos da população. A ABGLT também é atuante internacionalmente e tem status consultivo junto ao Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas.

Neste sentido a ABGLT vem a público manifestar o seu repúdio às declarações e ações homofóbicas e machistas de Marcelo Dourado, participante do programa Big Brother Brasil 10, veiculado pela Rede Globo.

Entre outras manifestações, como o uso do símbolo nazista no braço, podemos citar suas atitudes homofóbicas em relação aos participantes homossexuais do programa, incluindo a disseminação da noção equivocada de que “homem hétero não pega aids”, e a ameaça de espancar uma mulher lésbica participante do programa, conforme pode-se verificar nos vídeos disponíveis nos links abaixo:

(incluirei os vídeos no final da postagem, depois de reproduzir toda a Nota) 

Os dados epidemiológicos do Ministério da Saúde demonstram claramente que uma das tendências atuais da epidemia da aids é justamente a feminização, ou seja, há um aumento nos casos de aids na categoria de transmissão heterossexual (homem/mulher) enquanto o número de casos de aids na categoria homo e bissexual está estável há vários anos. Tal aumento na população heterossexual se deve em grande parte a crença estigmatizante de que a aids é uma doença apenas de gays, e que tristemente foi reproduzido pelo Sr. Dourado em cadeia nacional de televisão.

Estudos publicados nos últimos cinco anos vêm demonstrando e confirmando cada vez mais o quão a homo-lesbo-transfobia (medo ou ódio irracionalmente às pessoas LGBT) permeia a sociedade brasileira e assimilada pela juventude.

A pesquisa intitulada “Juventudes e Sexualidade”, realizada pela Unesco no ano 2000 e publicada em 2004, foi aplicada em 241 escolas públicas e privadas em 14 capitais brasileiras. Na pesquisa, 39,6% dos estudantes masculinos não gostariam de ter um colega de classe homossexual, 35,2% dos pais não gostariam que seus filhos tivessem um colega de classe homossexual, e 60% dos professores afirmaram não ter conhecimento o suficiente para lidar com a questão da homossexualidade na sala de aula.

O estudo "Revelando Tramas, Descobrindo Segredos: Violência e Convivência nas Escolas", publicado em 2009 pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana, traz uma amostra de 10 mil estudantes e 1.500 professores do Distrito Federal, e aponta que 63,1% dos entrevistados em uma escola alegam já ter visto pessoas que são (ou são tidas como) homossexuais sofrerem preconceito; mais da metade dos professores também afirmam já ter presenciado cenas discriminatórias contra homossexuais nas escolas; e 44,4% dos meninos e 15% das meninas afirmam que não gostariam de ter colega homossexual na sala de aula.

A pesquisa “Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar” realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, e também publicada em 2009, é uma amostra nacional de 18,5 mil alunos, pais e mães, diretores, professores e funcionários, e revela que 87,3% dos entrevistados têm preconceito com relação à orientação sexual.

A Fundação Perseu Abramo publicou em 2009 a pesquisa “Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil: intolerância e respeito às diferenças sexuais”, que demonstra que 92% da população reconhece que existe preconceito contra LGBT e que 28% reconhece e declara o próprio preconceito contra LGBT, percentual este cinco vezes maior que o preconceito contra negros e idosos, também identificado pela Fundação.

As atitudes e declarações de Marcelo Dourado, em um programa de televisão com grande audiência nacional, apenas servem para reforçar toda esta carga de preconceito, discriminação e estigmatização contra a população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), e demonstram a impunidade com que esta forma de discriminação se aplica na sociedade brasileira, ao contrário do racismo e outras formas notórias de discriminação passíveis de punição prevista em lei.

É preciso envidar esforços, a exemplo da iniciativa do governo federal, através do Plano Nacional de Promoção dos Direitos Humanos e Cidadania LGBT, para que se diminuem o preconceito e a discriminação contra pessoas LGBT, e que se promova o respeito às diferenças, quaisquer que sejam, existentes entre as pessoas que compõem nossa sociedade. Os meios de comunicação têm um papel chave nesta empreitada.

Toni Reis
Presidente
ABGLT - Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

As pesquisas citadas nesse texto podem ser consultadas em
http://www.abglt.org.br/port/pesquisas.php

O texto original da Nota da ABGLT foi recebido por e-mail.  



5 comentários:

  1. Se essa indignação é verdadeira,façamos mostrar para todos a força deste movimento tomando prá si tirar este indivíduo do ar através do voto consciente! A torcida de Dourado está representando no presente momento a quantas andas o imaginário da sociedade! Nos organizemos e mostraremos a força daqueles que querem viver plenamente e sem preconceitos,DE QUALQUER ORDEM!!!Abaixo a ignorância e a homofobia!!Abraços

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  2. concordo
    só que lançar nota de repudio nao adianta a associação tem q entrar com um processo contra a globo, nao apenas contra o dourado

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  3. Concordo com quase tudo, só não gostei da nota terminar com apologia ao governo federal.

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  4. Quem seriam os verdadeiros culpados???? Eu diria que todos, a globo por favorecer Marcelo Dourado em suas edições, Marcelo Dourado por existir, o seguidores por serem burros e se prestarem de cordeirinhos do idiota more, e os representantes gays que estão na casa e não fazem nada!!!! Ta tudo errado!!!!

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  5. Sendo sucinta, gosto muito de um ditado dos mais antigos que diz: “Quem desdenha quer comprar!”

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