sábado, 27 de novembro de 2010

Militante transexual Cláudia Wonder morre em São Paulo aos 55 anos

 26/11/2010 - 13h10


A artista, escritora e ativista pelos direitos LGBT (sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Transgêneros) Cláudia Wonder morreu nessa madrugada, em São Paulo, com infecção generalizada. Ela estava internada no Ambulatório de Saúde Integral de Travestis e Transexuais do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids.

Leia mais a seguir, e veja também as falas de Claudia no evento Diversidade em Destaque, promovido em setembro pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) com curadoria da editora executiva da Agência de Notícias da Aids, Roseli Tardelli.

Cláudia era paulistana e começou a carreira artística fazendo shows em boates e logo estreou no teatro e no cinema. Ainda adolescente, contracenou com grandes nomes nacionais e ganhou popularidade entre os gays. Ela coordenou o Grupo de Estudos de Identidade de Gênero Flor do Asfalto e atuou em diversas outras ações junto ao movimento social.

Em setembro, participou do evento Diversidade em Destaque, promovido pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) com curadoria da editora executiva da Agência de Notícias da Aids, Roseli Tardelli. Na ocasião, integrou a mesa de debate sobre o papel dos educadores no combate ao preconceito ao público LGBT.

Ativismo com irreverência

Amigos e companheiros de causa destacaram a irreverência como uma das grandes marcas de Cláudia.

"Ela foi uma das principais figuras do mundo trans. Uma artista ousada, que lutava pela liberdade de forma original", disse Barry Wolfe, fundador do projeto SOS Dignidade, que atua pelos direitos de travestis e transexuais.

"A Cláudia era uma artista-militante e teve papel fundamental em São Paulo. Foi interlocutora em todas as discussões de políticas públicas para o segmento", declarou a coordenadora do Centro de Referência da Diversidade, Irina Bacci.

Para o Coordenador de Políticas para a Diversidade Sexual na Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Governo do Estado, Dimitri Sales, Claudia deixa “uma grande lacuna no trabalho cotidiano de combate às intolerâncias decorrentes da discriminação homofóbica e enche de tristeza os que admiravam o seu trabalho e sua luta.”

O velório será nesta sexta-feira no Espaço da Cidadania da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, localizado no Páteo do Colégio, 184 – Térreo, a partir das 18 horas.

Falas de Cláudia Wonder no Diversidade em Destaque

“Se engana quem pensa que gay já está se sentindo inserido na sociedade brasileira por causa da quantidade de novelas que falam do assunto. A imagem mostrada na novela é um retrato de acordo como a sociedade quer, ou seja, bem parecido com um heterossexual, geralmente branco, classe média. Além disso, vai para a periferia, para um bairro mais afastado, para ver se o gay é tratado da mesma forma? Claro que não!”

“O movimento tem progredido, mas as pessoas não podem confundir as coisas, porque ainda falta muita coisa a ser feita. O movimento gay quer casamento, quer adoção, mas enquanto o homossexual for chamado de viado sem motivo, enquanto a condição de homossexual for motivo de ofensa, nós ainda temos muito a ser feito.”

“Eu tive uma experiência que foi engraçada. Eu cheguei ao Banco e perguntei ao segurança, com essa minha voz, onde deveria pegar a senha. Um garotinho que estava na fila me acompanhou com os olhos e perguntou à mãe, em alto e bom tom: ´Mãe, é uma mulher-homem?´ A mãe ficou apavorada, sem saber o que fazer. Aquele clima, ninguém rindo, mas morrendo de vontade. Eu ri e respondi ´Mulher-homem´. Enquanto estive no banco, foi o tempo todo ele querendo me questionar e a mãe falando no ouvido dele. Se ela tivesse tido uma educação sobre diversidade sexual talvez fosse mais fácil, porque, como você disse, existe mulher-homem. Tem de tudo no mundo, graças a Deus!

Redação da Agência de Notícias da Aids
Notícia postada originalmente em:
http://www.agenciaaids.com.br/site/noticia.asp?id=16125
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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Teatro - A Inevitável História de Letícia Diniz


Texto e direção: Marcelo Pedreira

Período de exibição: Sextas, Sábados e Domingos, sempre às 21hs, somente até 28 de novembro

Local: Teatro Gláucio Gil, Rio de Janeiro, ao lado da Estação do Metrô Cardeal Arcoverde

Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$10 (meia entrada).

Sinopse (pelo autor):
 
A peça é uma adaptação do romance homônimo que publiquei pela Nova Fronteira em dezembro de 2006. O livro conta a trajetória de uma travesti belíssima, indistinguível de uma mulher biológica, desde a infância traumática em Porto Velho (RO) até a iniciação no submundo da prostituição no Rio de Janeiro, a conquista da fortuna na Europa e a morte trágica aos meros 23 anos de idade.

O espetáculo teatral conta um episódio inédito, que não aparece no livro: ao viajar para a Europa, Letícia Diniz é presa no aeroporto e levada para uma delegacia de Zurique, Suíça. Passada durante uma única noite, a peça retrata o relacionamento que Letícia Diniz estabelece com seu carcereiro, Leon, tentando convencê-lo de todas as formas à libertá-la.

Nesses endereços, é possível obter mais informações:

Site oficial da peça: http://leticiadiniz.com.br/
Blog oficial da peça:  http://www.leticiadiniz-teatro.blogspot.com/


No site, entre outras coisas, é possível ler um capítulo do livro. No blog, o destaque é a cobertura da imprensa, relacionando as reportagens e as críticas sobre a peça.

Confiram, deve valer a pena !!
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sábado, 20 de novembro de 2010

Transgender Day of Remembrance - 20 de novembro de 2010



Hoje é o 12º Transgender Day of Remembrance, uma data criada para lembrar todas pessoas que foram mortas por motivos de ódio ou preconceito contra pessoas trans.

O evento é realizado anualmente, no mês de novembro, para homenagear Rita Hester, cujo assassinato em 1998 deu início ao "Remembering Our Dead web project" e uma vigília com velas San Francisco em 1999. Desde então, a campanha vem crescendo, e abrange celebrações em dezenas de cidades de todo o mundo.

No site oficial, se pode acessar maiores detalhes (em inglês):
http://www.transgenderdor.org/

Nesta página, as mortes de 2010 que foram registradas pela organização, e que tem a sua memória homenageada:
http://www.transgenderdor.org/?page_id=1194

Nesta outra, duas planilhas com as estatísticas que eles possuem. Uma para o período de 2000-2010 e outra que volta no tempo, buscando casos que aconteceram desde os anos 70:
http://www.transgenderdor.org/?page_id=192
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

XVII Encontro Nacional de Travestis e Transexuais, de 16 a 19 de novembro, em Aracaju-SE

Encontro nacional discute direito a cidadania para travestis e transexuais

Data: 12/11/2010

A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), por meio da Coordenação Geral de Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, participa na terça-feira (16), do 17º Encontro Nacional de Travestis e Transexuais (Entlaids), em Aracaju (SE). “A conquista da Cdadania pelo fim da Transfobia” é o tema do encontro neste ano, que vai até sexta-feira (19). A transfobia é a aversão, medo ou ódio de transexuais.

O objetivo é reunir travestis, transexuais, ativistas e técnicos de todos o país envolvidos com trabalhos e experiências na área da Promoção dos Direitos Humanos e da Cidadania, promovendo a troca de experiências e estabelecendo estratégias para a redução da transfobia junto a essa população.

Segundo o coordenador-geral de Promoção dos Direitos LGBT, Igo Martini, que participa da abertura do encontro, afirma importância do encontro para garantir os direitos de travestis de transexuais. “Um grande avanço neste ano foi o uso do nome social no serviço público federal”, ressalta Martini.

O evento propõe, ainda o debate da questão da cidadania, impulsionando a defesa dos direitos humanos, da auto-estima e do fortalecimento da organização social e política das cidadãs travestis, transexuais.

Para Martini, ainda há muitos desafios na conquista da cidadania de travestis e transexuais. “É preciso ampliar o serviço de saúde, a utilização do nome social nos estados, a inclusão no mercado de trabalho e principalmente na segurança pública”, afirma.

“A população de travestis e transexuais, hoje, ainda é bastante vulnerável. É importante que haja uma ação conjunta do governo federal e estadual no fortalecimento do movimento”, conclui.

A aprovação de leis para garantia dos direitos de travestis e transexuais; as estratégias para a inclusão social nas relações de trabalho; a educação inclusiva no ambiente escolar; o Sistema Único de Saúde; e as experiências de sucesso na busca da cidadania de travestis e transexuais são alguns dos temas abordados durante o evento.

17º Encontro Nacional de Travestis e Transexuais
Data: 16 a 19 de novembro de 2010
Horário: 19h (abertura)
Local: Real Classic Hotel, Orla de Atalaia, s/n, Aracaju (SE)

Fonte:
Secretaria Especial de Direitos Humanos (Presidência da República)
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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

14ª Parada Livre de Porto Alegre - 28 de novembro, na Redenção


A 14ª Parada Livre de Porto Alegre acontecerá no próximo dia 28 de novembro, com o tema "A Sexualidade tem todas as cores", a partir das 14 horas, no Parque da Redenção.

Durante a semana da Parada, haverá um Seminário na UFRGS, com o tema e a programação a seguir:


SEMINÁRIO "A SEXUALIDADE TEM TODAS AS CORES"
23 de novembro de 2010 (terça-feira)
Salão Nobre da Faculdade de Direito da UFRGS (Av. João Pessoa, 80)

PROGRAMAÇÃO

História Movimento do LGBT no RS - 10h às 12h
Mediador: Fernando Seffner (UFRGS)
Painelistas:
- Célio Golin (Nuances)
- Claudete Costa (Liga Brasileira de Lésbicas)
- Alexandre Boer (SOMOS - Comunicação, Saúde e Sexualidade)
- Marcelly Malta (Igualdade RS)

O Reconhecimento do Estado às múltiplas sexualidades -14h às 16h
Mediadora: Gabriela Souza Antunes (G8-Generalizando / SAJU-UFRGS)
Painelistas:
- Rui Portanova (Desembargador TJRS)
- Roger Raupp Rios (Juiz Federal)
- Márcia Medeiros de Farias (Ministério Público do Trabalho RS)
- Célio Golin (Nuances)

Coffee Break
Horário: 16h às 16h30

Identidade de Gênero: Fronteiras e Transgressões - 16h30 às 18h30
Mediadora: Cláudia Penalvo (SOMOS - Comunicação, Saúde e Sexualidade)
Painelistas:
- Guacira Lopes Louro (UFRGS)
- Henrique Nardi (UFRGS)
- Elisabeth Zambrano (UFRGS)
- Marcelly Malta (Igualdade RS)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Faces da despatologização (da transexualidade) - Artigo do CLAM sobre o tema e sua viabilidade no Brasil

(Artigo publicado hoje no site do CLAM - Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos)


Brasil

Faces da Despatologização


Dia 23 de outubro é o dia mundial de luta contra a patologização da transexualidade. Neste dia, foram realizadas simultâneas manifestações e debates públicos pelas mais de 100 organizações e quatro redes internacionais na África, na Ásia, na Europa e na América do Norte e do Sul engajadas na campanha pela retirada da transexualidade do DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e do CID (Código Internacional de Doenças). A campanha “Stop Trans Pathologization 2012” inclui, entre suas demandas, retirar o TIG (Transtorno de Identidade de Gênero) do DSM-V (versão a ser publicada em 2012), abolir os tratamentos de normalização binária para pessoas intersex, garantir o livre acesso aos tratamentos hormonais e às cirurgias (sem a tutela psiquiátrica), oferecer cobertura pública sanitária universal ao processo de ressignificação de sexo/género, e retirar a menção de sexo dos documentos oficiais. Apregoa também o combate à transfobia, propiciando a educação e a inserção social e laboral das pessoas transexuais.

A transexualidade foi descrita em detalhes, pela primeira vez, em 1966, quando o endocrinologista alemão Harry Benjamin descreveu o que seriam as características para se diagnosticar o "verdadeiro transexual". Seu livro O fenômeno transexual, publicado naquele ano, forneceu as bases para se diagnosticar “o verdadeiro transexual” a partir de alguns indicadores que irão definir se as pessoas que chegam às clínicas ou aos hospitais solicitando a cirurgia são “transexuais de verdade”. Ele defendeu a cirurgia de transgenitalização como a única alternativa terapêutica possível para as pessoas transexuais. Para evitar que estas cometessem suicídio, as cirurgias deveriam ser recomendadas, e apenas elas poderiam representar a solução para as “enfermidades” daqueles que têm abjeção ao corpo.

Em 1969, realizou-se, em Londres, o primeiro congresso da Associação Harry Benjamin, que passou a se chamar Harry Benjamin International Gender Dysphoria Association (HBIGDA), em 1977. A transexualidade passou a ser considerada uma “disforia de gênero”, termo cunhado por John Money em 1973.

A HBIGDA legitimou-se então como uma das associações responsáveis pela normatização do “tratamento” para as pessoas transexuais em todo o mundo e publica, regularmente, as Normas de Tratamento (Standards of Care - SOC, atualmente em sua 6ª versão) que orientam profissionais que trabalham com transexualidade em todo mundo. Além desse guia, dois outros documentos são reconhecidos como oficiais na orientação do diagnóstico de transexualidade: o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM - 4ª versão), e o Código Internacional de Doenças (CID, em sua 10ª versão).

O DSM, publicado desde 1952 pela Associação Psiquiátrica Americana (APA), serve de guia para hospitais e seguradoras de saúde ao redor do mundo. Nele, a transexualidade é classificada como uma doença. Já o CID, elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a define como "transtorno de identidade de gênero". Na França, porém, desde fevereiro passado, ela não é considerada mais uma patologia graças à ação do Movimento de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros.

Nesses documentos há o pressuposto de que a transexualidade, por se tratar de uma doença, tem basicamente os mesmos sintomas em todas as partes do mundo. No Brasil, é exatamente o fato de ser classificada como doença que permite que a cirurgia seja feita gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde, o SUS. Desde 1997, o procedimento é autorizado pelo Conselho Federal de Medicina como solução terapêutica para adequar a genitália ao sexo psíquico.

As intervenções cirúrgicas só são possíveis se atenderem a critérios estabelecidos por uma resolução do Conselho. Uma equipe composta por psiquiatra, cirurgião, endocrinologista, psicólogo e assistente social deve produzir um laudo unânime sobre a necessidade do procedimento.

A consideração de gênero enquanto uma categoria diagnóstica tem como desdobramento a formulação de um protocolo rígido. Antes de chegar ao diagnóstico de “transtorno de identidade de gênero”, condição para realização das alterações corporais e dos documentos, o(a) demandante deve fazer terapia psicológica por anos, vestir-se com as roupas do gênero identificado (teste de vida real), fazer a hormonioterapia e vários testes psicológicos. 

Isto faz com que as opiniões no cenário nacional se dividam. Enquanto alguns defendem a despatologização da transexualidade e procuram chamar a atenção para como, segundo eles, uma categoria cultural foi apropriada pelo poder médico, transformando-a em uma categoria diagnóstica, outros consideram que afirmar a despatologização por si só seja perigoso, uma vez que, no Brasil, a saúde vem se constituindo na única política social que efetivamente tem incluído pessoas transexuais no país. 

O custo das intervenções médico-cirúrgicas para quem as deseja é extremamente caro fora do SUS. Por isso temem, sobretudo no cenário neoconservador que cerca o Brasil hoje, que nada passe a garantir o atendimento a partir da despatologização, o que deixaria as pessoas transexuais entregues ao mercado ou à filantropia.

Autora do livro “A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual” (CLAM/Editora Garamond), a socióloga Berenice Bento, é uma das vozes da primeira corrente: “Por que diagnosticar o gênero? Quem autoriza os psicólogos, psiquiatras, endocrinologistas e outras especialidades que fazem parte das equipes multidiciplinares a avaliarem as pessoas transexuais e travestis como ‘doentes’? Se não existe nenhum exame clínico que conduza a produção do diagnóstico, como determinar a ocorrência do ‘transtorno’?”, questiona.

Para ela, o único mapa seguro que guia o olhar do médico e dos membros da equipe são as verdades estabelecidas socialmente para os gêneros. “Portanto, estamos no nível do discurso. Não existe um só átomo de neutralidade nestes códigos. Estamos diante de um poderoso discurso que tem como finalidade manter os gêneros e as práticas eróticas prisioneiras à diferença sexual”, afirma a socióloga.

Em sua análise, a Campanha “Stop Trans Pathologization” tem um papel histórico de produzir e aglutinar forças na luta pela desnaturalização do gênero. E, para ela, embora no Brasil a campanha ainda não tenha avançado muito, as mobilizações e iniciativas que acontecem em diversas partes do mundo acabarão por produzir efeitos múltiplos e rizomáticos. “Certamente, a APA terá que se posicionar de forma mais transparente e contínua sobre os interesses que a fazem continuar operando uma categoria cultura como categoria nosológica”, avalia.

Um modelo possível

No Brasil, embora ainda não tenha ocorrido uma discussão consistente sobre um modelo de atendimento possível para transexuais no SUS na ausência do CID, é possível, segundo alguns especialistas no tema, imaginar um modelo de atendimento a transexuais no SUS na ausência do CID, a partir do princípio da Integralidade. Professora do Instituto de Medicina Social (IMS/UERJ) e coordenadora da “Pesquisa Nacional sobre Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral”, a pesquisadora Márcia Arán afirma que a necessidade do diagnóstico de “transtorno de identidade de gênero” como condição de acesso à saúde restringe em muito os processos de cuidado. Segundo a pesquisadora, é necessário construir uma noção mais ampliada de saúde, baseada na individualização do cuidado e na integralidade da assistência para que se possa acolher de fato as necessidades de saúde desta população.

“É preciso pensar e discutir alternativas de regulamentação do acesso à saúde que possam, mesmo reconhecendo o sofrimento psíquico em algumas pessoas, não enquadrá-las em uma patologia psiquiátrica”, avaliou, em recente entrevista ao CLAM. (Clique aqui para ler a íntegra)

A opinião do professor Ruben Matos (IMS/UERJ), vai ao encontro da defendida pela colega Marcia Arán. Para ele, o princípio da integralidade implica o reconhecimento de que há situações de sofrimento, que, embora não resultantes de uma doença, podem ser superadas com o uso de certas práticas de cuidado de saúde.

“Tal reconhecimento por si só já é suficiente para que se defenda a inclusão de tais procedimentos no rol daqueles a serem assegurados no âmbito do SUS. Por sua vez, a noção e a classificação de uma doença não é um requisito para a oferta de modalidades e procedimentos terapêuticos no SUS. Há que se recordar que a noção de doença é central na biomedicina, a racionalidade médica hegemônica. Mas há outras racionalidades médicas que não utilizam esta noção de doença, e oferecem recursos terapêuticos para situações de sofrimento que já estão incorporados no âmbito do SUS”, conclui.


Publicada em: 04/11/2010 às 12:00
Clique aqui para ler para a postagem original, no site do CLAM.


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