sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Debate sobre Diversidade Sexual, Homofobia e PLC 122 na #RedeLiberdade


No primeiro debate de 2011 a Rede Liberdade vai ouvir e discutir com Dimitri Sales, coordenador de Políticas do Estado de São Paulo para a Diversidade Sexual .

Com o tema sexualidade, homofobia e fascismo, o debate acontecerá dia 06 de janeiro as 23hs (horário brasileiro de verão) pela webcam do tinychat, tendo Bemvindo Sequeira como mediador e também a participação da transexual gaúcha Luisa Stern (@luisa_stern).

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Comentários:

A #RedeLiberdadeBR é uma associação livre de tuiteiros e blogueiros, criada pelo ator Bemvindo Sequeira para debater assuntos que não interessam a grande mídia e difundir a informação entre seus associados.

Os principais contatos da #RedeLiberdadeBR são:
Blog: http://redeliberdade.blogspot.com/
Twitter: http://twitter.com/redeliberdadebr
Chat: http://tinychat.com/redeliberdade
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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

PLC 122/06 ganha domínio na rede

Com o intuito de tirar dúvidas sobre o PLC 122/06, ativistas criam site com domínio exclusivo

Acesso pode ser feito diretamente pelo endereço: http://www.plc122.com.br/

O intuito é postar informações sobre o conteúdo do projeto, esclarecer sobre as dúvidas mais frequentes e, sobretudo, informações e comentários deliberadamente falsos que são veiculados por iniciativa principal de quem defende a manutenção dos preconceitos.

A iniciativa de criação do site é de um grupo de participantes da Comunidade Homofobia - Já era no Orkut, com vários integrantes da mesma equipe que mantém o blog Eleições HoJE

A seguir, transcrevo a postagem original, que anuncia a criação do site, no blog Eleições HoJE



PLC122 ganha domínio na rede.

pela Redação do blog Eleições HoJE

Ontem lançamos o site www.plc122.com.br de iniciativa do nosso blog Eleições HoJE em conjunto com a comunidade Homofobia Já Era, com o objetivo principal informar toda a população sobre o PLC122, sua importância e seu alcance.

Basta fazer uma busca rápida no google pra ver a quantidade de sites que existem a respeito do projeto, mas  muitos estão baseados na falta de informação, muita mentira está sendo dita.

O PLC122 não fere a liberdade de crença e nem o movimento LGBT luta por isto. O que homossexuais, bissexuais, trans buscam é por respeito, reconhecimento e igualdade de direitos.

As regras básicas do site se baseiam no respeito, portanto não será permitido postagens que desrespeitem religiões, orientação sexual ou que incite qualquer tipo de preconceito.

Leiam e se informem. O site propõe a tornar-se uma fonte de informações tanto pra quem luta pelos direitos LGBTs, quanto por quem hoje é contrário ao PLC122, muitas vezes por estar equivocado quanto ao projeto.

Acessem leiam e contribuam com este debate: www.plc122.com.br
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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Transexual com vivência crossdresser, Luisa Stern conversa com o Mix Brasil

14/12/2010 - 17h07
Por : Neto Lucon - Foto : Neto Lucon

Transexual conta a experiência crossdresser e fala sobre cartunista Laerte


Luisa Stern: "Hoje em dia existem muitos gays e bissexuais 
em grupos de crossdresser"

A palavra crossdresser (CD) ainda é desconhecida para muitos membros da comunidade LGBT. Na mídia, geralmente é utilizada para reportagens sensacionalistas ou curiosas. Já nas Paradas, baladas gays... pouco aparecem.  

Com vivência crossdresser, a funcionária pública de Porto Alegre Luisa Helena Stern foi a fonte de informação para muitos internautas. Fundadora da comunidade e do site “Cultura Cross Dresser”, em que aborda assuntos referente a transgêneros, ela surpreendeu muita gente ao se assumir publicamente transexual há dois anos.

Hoje militante do movimento LGBT, Luisa esteve 25ª Conferência Mundial (ILGA), que ocorreu no início de dezembro, e conversou com exclusividade ao Mix Brasil. Aqui, ela fala sobre a vivência crossdresser, o cartunista Laerte e como se descobriu transexual. 

A maioria das reportagens envolvendo crossdressers tem teor sensacionalista ou curioso, como aconteceu com o Laerte. Você, que já teve essa vivência, acha que muita coisa ainda precisa ser dita?
Ah precisa. A mídia não-especializada realmente é sensacionalista, busca por pessoas que estejam dispostas a fazer um freak show, aparecer lá como uma figura meio confusa, que nem sabem o que é crossdresser. O Laerte é um exemplo. Apesar de ter uma identificação com o termo, ter uma personagem, estar dentro de um clube, ele não tem muita ideia do que é ser crossdresser. Ele mesmo se perde muito na própria identidade, troca os termos.

O Laerte se assumiu como CD, mas nunca se desmonta. Ele não seria uma travesti?
Discordo. O fato de sair em público com roupas femininas não significa que ele já é travesti ou transexual. E tem algumas coisas que diferem até mesmo da maioria das crossdressers, que é sair vestido de mulher e falar o nome masculino. Isso causa constrangimento para elas. Para mim, ele não se encaixa no perfil de crossdresser, quanto mais de travesti ou transexual. A travesti não quer ser chamada de João em nenhum momento.

Você acredita que a mídia peca principalmente por nem saber o que significa. Então me explica o que é crossdresser?
Na tradução literal seria vestir-se ao contrário, com roupas do sexo oposto. Essa palavra foi adotada como símbolo da identidade de um grupo de heterossexuais que se vestiam de mulher lá nos início dos anos 60. São homens que levam duas vidas, que montam e se desmontam, que não fazem intervenções no corpo muito visíveis ou definitivas. Não significa que hoje, 50 anos depois, seja só formado por heterossexuais, existem muitos bissexuais e gays, mas os héteros são a maioria.

A motivação de ser crossdresser é sexual? Ou é uma identificação com o gênero oposto?
A questão de ser um motivador sexual é polêmica, cai naquele conceito médico que quer patologizar essas questões. O crossdresser não tem uma motivação inicial movida ao sexo. É diferente do que chamam de “travestismo fetichista” que é puramente sexual. O travestismo fetichista usa aquela roupa até o momento de ter o prazer, depois tira e sente até culpa. Já a crossdresser procura na troca de roupa um alívio para as pressões do mundo machista, de relaxamento.

Como foi a primeira vez que vestiu roupas femininas?
Não sei ao certo, mas foi quando era criança. Ficava no banheiro, vestia roupas da minha mãe ou da minha irmã. Mas não era uma montagem completa. Depois ficou meio adormecido na adolescência, início da fase adulta. Até que passei a morar sozinha, passei a ter mais privacidade e comprar as minhas coisas. Primeiro foi com uma ou outra peça de lingerie, depois peça de vestuário, peruca, maquiagem. No começo, se eu olhar para trás, vejo que fazia uma figura bem caricata. Fui aprendendo com o tempo.

Pelo que li, crossdressers se realizam com a montagem. É possível mesmo se contentar com essa realização somente por algumas horas? Ser crossdresser não seria um passo para ser travesti?
Vejo que a maioria das crossdressers tem um grande prazer na hora de se montar e uma tristeza na hora de se desmontar. Existe até um apelido dentro do clube que é a “síndrome de acetona”, quando tira o esmalte, a maquiagem... Mas quem é crossdresser típico, acaba indo tranquilamente para a sua vida masculina de novo. Uma das características da crossdresser é justamente gostar da vida masculina também. No meu caso, assim como acontece com alguns, foi um aprendizado. Tanto que, quando passei a usar roupa feminina pela primeira vez, não tinha ideia onde eu iria chegar. Foi progressivo: quanto mais me vestia com roupa feminina mais eu queria usar.

A presença da crossdresser dentro da comunidade LGBT passa quase invisível. Você acha que as crossdressers são discriminadas?
Não, eu acredito que as crossdressers se isolam e procuram se reunir em lugares fechados pela questão da privacidade, aquela coisa do “homem heterossexual que gosta de se vestir de mulher”. Ela é que não quer ir a uma balada GLS, ela é que procura se reunir em grupos fechados. No meio LGBT, o que existe em relação à crossdresser é desconhecimento. Gays não sabem se elas são transformistas, drags, travestis iniciantes. Fora de São Paulo o conhecimento sobre crossdresser é praticamente zero.
Muitas transexuais dizem que a consciência de que são mulheres acontecem desde a infância. Por que demorou tanto tempo para se descobrir?
Na medicina dos anos 70, existe a figura da transexual primária, aquela que tem certeza do que desde a infância, e a transexual secundária, que se descobre na meia idade. Hoje em dia já se desconstrói os conceitos de transexual de primário e secundário para não dar a ideia de que uma é melhor que a outra. No meu caso tem alguns flashes desde a infância. Sonhava muito que iria ser mulher quando crescesse. Mas por ser uma família de formação religiosa, de ter todas aquelas expectativas, isso foi ficando bloqueado, reprimido. Ficou lá no inconsciente, que vinha para fora na forma de um sonho, na forma de uma fantasia.

Ser crossdresser ajudou você a se descobrir trans?
Lá no começo eu não tinha ideia de que fosse caminhar até aqui, de estar em algum momento de estar vivendo uma vida feminina. Durante o caminho eu tentei mudar muitas vezes, tentei parar, tentei voltar atrás, mas era só para descobrir que não tem volta. Depois que a gente se descobre é pior tentar resistir. Me descobri na vida adulta, quando passei a morar sozinho, passei a processar as informações e fui colocando para fora aos poucos. De fato foi uma caminhada longa.

A partir de qual momento que você disse: Chega, agora sou transexual?
A primeira vez que eu saí de casa montada. Tive certeza absoluta de que eu deveria passar a viver 100% como mulher. Foi como sair de dois armários ao mesmo tempo. Isso faz cinco anos. Comecei a me hormonizar, trabalhar isso em terapia, deixar o cabelo crescer, fazer laser, usar brincos no dia-a-dia. Há dois anos eu comecei a assumir publicamente a vida feminina.

Como as pessoas reagiram?
Não fiz a mudança de um dia para o outro, então já deu para ver os amigos que iam permanecendo e os que iam embora. Não teve uma questão muito traumática nesse momento porque eu já vinha trabalhando isso antes. O lado profissional foi a parte mais complicada. Além da questão da transição desses conflitos, passei por um problema de depressão e outros problemas de saúde. Tenho alguns colegas de trabalho que me compreenderam, mas o ambiente de trabalho ficou tenso. Não sofri agressões diretas, mas também não tive mais aceitação.

Você assinava como Louise Stern. Por que decidiu mudar o nome? 

Gostava muito de uma atriz do cinema mudo chamada Louise Brooks. E Stern porque sou de origem alemã e “Stern” é estrela em alemão. Depois que me assumi como transexual, resolvi abrasileirar o nome: Louise ficou Luisa. E Helena foi porque seria o nome que eu receberia caso nascesse uma mulher biológica.

Silicone e cirurgia de transgenitalização... pensa em fazer?
Passa sim. A cirurgia de transgenitalização é o meu objetivo final. Estou passando por um processo transexualizador lá de Porto Alegre, no Hospital de Clínicas, e estou na fila de espera para fazer a cirurgia. E se tudo acontecer, no segundo semestre de 2012 devo estar me encaminhando para isso. Já o silicone, tive dúvidas se precisava ou não, mas agora já vi até onde pode ir as mudanças com hormônios e eu acho que vou colocar um pouco de seios e no quadril para dar um acabamento. 


Você está sempre envolvida com a militância. Isso é de fato importante para sua vida?
É importantíssimo. Posso contribuir por minha formação, porque além de ser funcionária pública no setor financeiro, também sou bacharel em direito. No momento em que passei a me assumir como mulher, também procurei a militância, que me ajudou muito. Mesmo depois da cirurgia de transgenitalização, ao contrário de muitas transexuais, continuarei lutando pelos direitos LGBT.

Como você definiria a Luisa de ontem em relação a Luisa de hoje?
A de hoje é muito mais feliz, tranquilamente. Há muito tempo coloquei no meu perfil alguns versos da música Super-Homem de Gilberto Gil: Um dia tive a ilusão que ser homem bastaria/ Até descobrir o que o mundo feminino me daria. Então sei o que sou por causa da mulher. Sou feliz e realizada por já ter conquistado essa identidade feminina.

Fonte:
Mix Brasil
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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

2 anos de blog Cultura Crossdresser

No último dia 24 de novembro, o blog Cultura Crossdresser completou 2 anos de atividades. Até o momento, fizemos 158 postagens.

Desde que começamos a contar as visitas, em fevereiro de 2009, tivemos quase 79 mil acessos, com uma média de 119 por dia.

Aproveitando a combinação do aniversário com novas atividades e projetos que estão em andamento na minha vida pessoal, no tocante ao ativismo em defesa dos direitos de travestis e transexuais, o Blog será reformulado e contará com algumas inovações.

A partir do aniversário e nos 30 dias seguintes, até a véspera do Natal, faremos uma retrospectiva de alguns momentos importantes, bem como passaremos a adotar outro critério nas novas postagens, tais como:

- diminuir as postagens ligadas à transexualidade e outros campos do universo LGBT, pois passaremos a abordar estes assuntos em um outro projeto. Mas o tema não será esquecido, mantendo-se sempre a ligação entre um e outro;

- fazer um retrospectiva de alguns momentos importantes destes 2 anos, inclusive recuperando postagens antigas, para lembrar a quem não teve a chance de ler na época e para atualizar o assunto, quando necessário;

- retomar as postagens sobre filmes ligados ao nosso universo;

- adotar uma linha mais autoral na novas postagens, explicando didaticamente a origem e as nuances do crossdressing, de forma a esclarecer a quem não tem muito conhecimento sobre o tema;

- abrir espaço para que as leitoras também possam escrever suas postagens, artigos e opiniões, desde que estejam dentro do tema e de acordo com a linha editorial da Cultura Crossdresser.

Enfim, começamos com um pouco de atraso, mas aguardem, pois as novidades vão chegar.

"ALEA IACTA EST"


Beijusss,

Luísa Helena Stern

sábado, 27 de novembro de 2010

Militante transexual Cláudia Wonder morre em São Paulo aos 55 anos

 26/11/2010 - 13h10


A artista, escritora e ativista pelos direitos LGBT (sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Transgêneros) Cláudia Wonder morreu nessa madrugada, em São Paulo, com infecção generalizada. Ela estava internada no Ambulatório de Saúde Integral de Travestis e Transexuais do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids.

Leia mais a seguir, e veja também as falas de Claudia no evento Diversidade em Destaque, promovido em setembro pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) com curadoria da editora executiva da Agência de Notícias da Aids, Roseli Tardelli.

Cláudia era paulistana e começou a carreira artística fazendo shows em boates e logo estreou no teatro e no cinema. Ainda adolescente, contracenou com grandes nomes nacionais e ganhou popularidade entre os gays. Ela coordenou o Grupo de Estudos de Identidade de Gênero Flor do Asfalto e atuou em diversas outras ações junto ao movimento social.

Em setembro, participou do evento Diversidade em Destaque, promovido pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) com curadoria da editora executiva da Agência de Notícias da Aids, Roseli Tardelli. Na ocasião, integrou a mesa de debate sobre o papel dos educadores no combate ao preconceito ao público LGBT.

Ativismo com irreverência

Amigos e companheiros de causa destacaram a irreverência como uma das grandes marcas de Cláudia.

"Ela foi uma das principais figuras do mundo trans. Uma artista ousada, que lutava pela liberdade de forma original", disse Barry Wolfe, fundador do projeto SOS Dignidade, que atua pelos direitos de travestis e transexuais.

"A Cláudia era uma artista-militante e teve papel fundamental em São Paulo. Foi interlocutora em todas as discussões de políticas públicas para o segmento", declarou a coordenadora do Centro de Referência da Diversidade, Irina Bacci.

Para o Coordenador de Políticas para a Diversidade Sexual na Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Governo do Estado, Dimitri Sales, Claudia deixa “uma grande lacuna no trabalho cotidiano de combate às intolerâncias decorrentes da discriminação homofóbica e enche de tristeza os que admiravam o seu trabalho e sua luta.”

O velório será nesta sexta-feira no Espaço da Cidadania da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, localizado no Páteo do Colégio, 184 – Térreo, a partir das 18 horas.

Falas de Cláudia Wonder no Diversidade em Destaque

“Se engana quem pensa que gay já está se sentindo inserido na sociedade brasileira por causa da quantidade de novelas que falam do assunto. A imagem mostrada na novela é um retrato de acordo como a sociedade quer, ou seja, bem parecido com um heterossexual, geralmente branco, classe média. Além disso, vai para a periferia, para um bairro mais afastado, para ver se o gay é tratado da mesma forma? Claro que não!”

“O movimento tem progredido, mas as pessoas não podem confundir as coisas, porque ainda falta muita coisa a ser feita. O movimento gay quer casamento, quer adoção, mas enquanto o homossexual for chamado de viado sem motivo, enquanto a condição de homossexual for motivo de ofensa, nós ainda temos muito a ser feito.”

“Eu tive uma experiência que foi engraçada. Eu cheguei ao Banco e perguntei ao segurança, com essa minha voz, onde deveria pegar a senha. Um garotinho que estava na fila me acompanhou com os olhos e perguntou à mãe, em alto e bom tom: ´Mãe, é uma mulher-homem?´ A mãe ficou apavorada, sem saber o que fazer. Aquele clima, ninguém rindo, mas morrendo de vontade. Eu ri e respondi ´Mulher-homem´. Enquanto estive no banco, foi o tempo todo ele querendo me questionar e a mãe falando no ouvido dele. Se ela tivesse tido uma educação sobre diversidade sexual talvez fosse mais fácil, porque, como você disse, existe mulher-homem. Tem de tudo no mundo, graças a Deus!

Redação da Agência de Notícias da Aids
Notícia postada originalmente em:
http://www.agenciaaids.com.br/site/noticia.asp?id=16125
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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Teatro - A Inevitável História de Letícia Diniz


Texto e direção: Marcelo Pedreira

Período de exibição: Sextas, Sábados e Domingos, sempre às 21hs, somente até 28 de novembro

Local: Teatro Gláucio Gil, Rio de Janeiro, ao lado da Estação do Metrô Cardeal Arcoverde

Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$10 (meia entrada).

Sinopse (pelo autor):
 
A peça é uma adaptação do romance homônimo que publiquei pela Nova Fronteira em dezembro de 2006. O livro conta a trajetória de uma travesti belíssima, indistinguível de uma mulher biológica, desde a infância traumática em Porto Velho (RO) até a iniciação no submundo da prostituição no Rio de Janeiro, a conquista da fortuna na Europa e a morte trágica aos meros 23 anos de idade.

O espetáculo teatral conta um episódio inédito, que não aparece no livro: ao viajar para a Europa, Letícia Diniz é presa no aeroporto e levada para uma delegacia de Zurique, Suíça. Passada durante uma única noite, a peça retrata o relacionamento que Letícia Diniz estabelece com seu carcereiro, Leon, tentando convencê-lo de todas as formas à libertá-la.

Nesses endereços, é possível obter mais informações:

Site oficial da peça: http://leticiadiniz.com.br/
Blog oficial da peça:  http://www.leticiadiniz-teatro.blogspot.com/


No site, entre outras coisas, é possível ler um capítulo do livro. No blog, o destaque é a cobertura da imprensa, relacionando as reportagens e as críticas sobre a peça.

Confiram, deve valer a pena !!
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sábado, 20 de novembro de 2010

Transgender Day of Remembrance - 20 de novembro de 2010



Hoje é o 12º Transgender Day of Remembrance, uma data criada para lembrar todas pessoas que foram mortas por motivos de ódio ou preconceito contra pessoas trans.

O evento é realizado anualmente, no mês de novembro, para homenagear Rita Hester, cujo assassinato em 1998 deu início ao "Remembering Our Dead web project" e uma vigília com velas San Francisco em 1999. Desde então, a campanha vem crescendo, e abrange celebrações em dezenas de cidades de todo o mundo.

No site oficial, se pode acessar maiores detalhes (em inglês):
http://www.transgenderdor.org/

Nesta página, as mortes de 2010 que foram registradas pela organização, e que tem a sua memória homenageada:
http://www.transgenderdor.org/?page_id=1194

Nesta outra, duas planilhas com as estatísticas que eles possuem. Uma para o período de 2000-2010 e outra que volta no tempo, buscando casos que aconteceram desde os anos 70:
http://www.transgenderdor.org/?page_id=192
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

XVII Encontro Nacional de Travestis e Transexuais, de 16 a 19 de novembro, em Aracaju-SE

Encontro nacional discute direito a cidadania para travestis e transexuais

Data: 12/11/2010

A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), por meio da Coordenação Geral de Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, participa na terça-feira (16), do 17º Encontro Nacional de Travestis e Transexuais (Entlaids), em Aracaju (SE). “A conquista da Cdadania pelo fim da Transfobia” é o tema do encontro neste ano, que vai até sexta-feira (19). A transfobia é a aversão, medo ou ódio de transexuais.

O objetivo é reunir travestis, transexuais, ativistas e técnicos de todos o país envolvidos com trabalhos e experiências na área da Promoção dos Direitos Humanos e da Cidadania, promovendo a troca de experiências e estabelecendo estratégias para a redução da transfobia junto a essa população.

Segundo o coordenador-geral de Promoção dos Direitos LGBT, Igo Martini, que participa da abertura do encontro, afirma importância do encontro para garantir os direitos de travestis de transexuais. “Um grande avanço neste ano foi o uso do nome social no serviço público federal”, ressalta Martini.

O evento propõe, ainda o debate da questão da cidadania, impulsionando a defesa dos direitos humanos, da auto-estima e do fortalecimento da organização social e política das cidadãs travestis, transexuais.

Para Martini, ainda há muitos desafios na conquista da cidadania de travestis e transexuais. “É preciso ampliar o serviço de saúde, a utilização do nome social nos estados, a inclusão no mercado de trabalho e principalmente na segurança pública”, afirma.

“A população de travestis e transexuais, hoje, ainda é bastante vulnerável. É importante que haja uma ação conjunta do governo federal e estadual no fortalecimento do movimento”, conclui.

A aprovação de leis para garantia dos direitos de travestis e transexuais; as estratégias para a inclusão social nas relações de trabalho; a educação inclusiva no ambiente escolar; o Sistema Único de Saúde; e as experiências de sucesso na busca da cidadania de travestis e transexuais são alguns dos temas abordados durante o evento.

17º Encontro Nacional de Travestis e Transexuais
Data: 16 a 19 de novembro de 2010
Horário: 19h (abertura)
Local: Real Classic Hotel, Orla de Atalaia, s/n, Aracaju (SE)

Fonte:
Secretaria Especial de Direitos Humanos (Presidência da República)
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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

14ª Parada Livre de Porto Alegre - 28 de novembro, na Redenção


A 14ª Parada Livre de Porto Alegre acontecerá no próximo dia 28 de novembro, com o tema "A Sexualidade tem todas as cores", a partir das 14 horas, no Parque da Redenção.

Durante a semana da Parada, haverá um Seminário na UFRGS, com o tema e a programação a seguir:


SEMINÁRIO "A SEXUALIDADE TEM TODAS AS CORES"
23 de novembro de 2010 (terça-feira)
Salão Nobre da Faculdade de Direito da UFRGS (Av. João Pessoa, 80)

PROGRAMAÇÃO

História Movimento do LGBT no RS - 10h às 12h
Mediador: Fernando Seffner (UFRGS)
Painelistas:
- Célio Golin (Nuances)
- Claudete Costa (Liga Brasileira de Lésbicas)
- Alexandre Boer (SOMOS - Comunicação, Saúde e Sexualidade)
- Marcelly Malta (Igualdade RS)

O Reconhecimento do Estado às múltiplas sexualidades -14h às 16h
Mediadora: Gabriela Souza Antunes (G8-Generalizando / SAJU-UFRGS)
Painelistas:
- Rui Portanova (Desembargador TJRS)
- Roger Raupp Rios (Juiz Federal)
- Márcia Medeiros de Farias (Ministério Público do Trabalho RS)
- Célio Golin (Nuances)

Coffee Break
Horário: 16h às 16h30

Identidade de Gênero: Fronteiras e Transgressões - 16h30 às 18h30
Mediadora: Cláudia Penalvo (SOMOS - Comunicação, Saúde e Sexualidade)
Painelistas:
- Guacira Lopes Louro (UFRGS)
- Henrique Nardi (UFRGS)
- Elisabeth Zambrano (UFRGS)
- Marcelly Malta (Igualdade RS)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Faces da despatologização (da transexualidade) - Artigo do CLAM sobre o tema e sua viabilidade no Brasil

(Artigo publicado hoje no site do CLAM - Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos)


Brasil

Faces da Despatologização


Dia 23 de outubro é o dia mundial de luta contra a patologização da transexualidade. Neste dia, foram realizadas simultâneas manifestações e debates públicos pelas mais de 100 organizações e quatro redes internacionais na África, na Ásia, na Europa e na América do Norte e do Sul engajadas na campanha pela retirada da transexualidade do DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e do CID (Código Internacional de Doenças). A campanha “Stop Trans Pathologization 2012” inclui, entre suas demandas, retirar o TIG (Transtorno de Identidade de Gênero) do DSM-V (versão a ser publicada em 2012), abolir os tratamentos de normalização binária para pessoas intersex, garantir o livre acesso aos tratamentos hormonais e às cirurgias (sem a tutela psiquiátrica), oferecer cobertura pública sanitária universal ao processo de ressignificação de sexo/género, e retirar a menção de sexo dos documentos oficiais. Apregoa também o combate à transfobia, propiciando a educação e a inserção social e laboral das pessoas transexuais.

A transexualidade foi descrita em detalhes, pela primeira vez, em 1966, quando o endocrinologista alemão Harry Benjamin descreveu o que seriam as características para se diagnosticar o "verdadeiro transexual". Seu livro O fenômeno transexual, publicado naquele ano, forneceu as bases para se diagnosticar “o verdadeiro transexual” a partir de alguns indicadores que irão definir se as pessoas que chegam às clínicas ou aos hospitais solicitando a cirurgia são “transexuais de verdade”. Ele defendeu a cirurgia de transgenitalização como a única alternativa terapêutica possível para as pessoas transexuais. Para evitar que estas cometessem suicídio, as cirurgias deveriam ser recomendadas, e apenas elas poderiam representar a solução para as “enfermidades” daqueles que têm abjeção ao corpo.

Em 1969, realizou-se, em Londres, o primeiro congresso da Associação Harry Benjamin, que passou a se chamar Harry Benjamin International Gender Dysphoria Association (HBIGDA), em 1977. A transexualidade passou a ser considerada uma “disforia de gênero”, termo cunhado por John Money em 1973.

A HBIGDA legitimou-se então como uma das associações responsáveis pela normatização do “tratamento” para as pessoas transexuais em todo o mundo e publica, regularmente, as Normas de Tratamento (Standards of Care - SOC, atualmente em sua 6ª versão) que orientam profissionais que trabalham com transexualidade em todo mundo. Além desse guia, dois outros documentos são reconhecidos como oficiais na orientação do diagnóstico de transexualidade: o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM - 4ª versão), e o Código Internacional de Doenças (CID, em sua 10ª versão).

O DSM, publicado desde 1952 pela Associação Psiquiátrica Americana (APA), serve de guia para hospitais e seguradoras de saúde ao redor do mundo. Nele, a transexualidade é classificada como uma doença. Já o CID, elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a define como "transtorno de identidade de gênero". Na França, porém, desde fevereiro passado, ela não é considerada mais uma patologia graças à ação do Movimento de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros.

Nesses documentos há o pressuposto de que a transexualidade, por se tratar de uma doença, tem basicamente os mesmos sintomas em todas as partes do mundo. No Brasil, é exatamente o fato de ser classificada como doença que permite que a cirurgia seja feita gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde, o SUS. Desde 1997, o procedimento é autorizado pelo Conselho Federal de Medicina como solução terapêutica para adequar a genitália ao sexo psíquico.

As intervenções cirúrgicas só são possíveis se atenderem a critérios estabelecidos por uma resolução do Conselho. Uma equipe composta por psiquiatra, cirurgião, endocrinologista, psicólogo e assistente social deve produzir um laudo unânime sobre a necessidade do procedimento.

A consideração de gênero enquanto uma categoria diagnóstica tem como desdobramento a formulação de um protocolo rígido. Antes de chegar ao diagnóstico de “transtorno de identidade de gênero”, condição para realização das alterações corporais e dos documentos, o(a) demandante deve fazer terapia psicológica por anos, vestir-se com as roupas do gênero identificado (teste de vida real), fazer a hormonioterapia e vários testes psicológicos. 

Isto faz com que as opiniões no cenário nacional se dividam. Enquanto alguns defendem a despatologização da transexualidade e procuram chamar a atenção para como, segundo eles, uma categoria cultural foi apropriada pelo poder médico, transformando-a em uma categoria diagnóstica, outros consideram que afirmar a despatologização por si só seja perigoso, uma vez que, no Brasil, a saúde vem se constituindo na única política social que efetivamente tem incluído pessoas transexuais no país. 

O custo das intervenções médico-cirúrgicas para quem as deseja é extremamente caro fora do SUS. Por isso temem, sobretudo no cenário neoconservador que cerca o Brasil hoje, que nada passe a garantir o atendimento a partir da despatologização, o que deixaria as pessoas transexuais entregues ao mercado ou à filantropia.

Autora do livro “A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual” (CLAM/Editora Garamond), a socióloga Berenice Bento, é uma das vozes da primeira corrente: “Por que diagnosticar o gênero? Quem autoriza os psicólogos, psiquiatras, endocrinologistas e outras especialidades que fazem parte das equipes multidiciplinares a avaliarem as pessoas transexuais e travestis como ‘doentes’? Se não existe nenhum exame clínico que conduza a produção do diagnóstico, como determinar a ocorrência do ‘transtorno’?”, questiona.

Para ela, o único mapa seguro que guia o olhar do médico e dos membros da equipe são as verdades estabelecidas socialmente para os gêneros. “Portanto, estamos no nível do discurso. Não existe um só átomo de neutralidade nestes códigos. Estamos diante de um poderoso discurso que tem como finalidade manter os gêneros e as práticas eróticas prisioneiras à diferença sexual”, afirma a socióloga.

Em sua análise, a Campanha “Stop Trans Pathologization” tem um papel histórico de produzir e aglutinar forças na luta pela desnaturalização do gênero. E, para ela, embora no Brasil a campanha ainda não tenha avançado muito, as mobilizações e iniciativas que acontecem em diversas partes do mundo acabarão por produzir efeitos múltiplos e rizomáticos. “Certamente, a APA terá que se posicionar de forma mais transparente e contínua sobre os interesses que a fazem continuar operando uma categoria cultura como categoria nosológica”, avalia.

Um modelo possível

No Brasil, embora ainda não tenha ocorrido uma discussão consistente sobre um modelo de atendimento possível para transexuais no SUS na ausência do CID, é possível, segundo alguns especialistas no tema, imaginar um modelo de atendimento a transexuais no SUS na ausência do CID, a partir do princípio da Integralidade. Professora do Instituto de Medicina Social (IMS/UERJ) e coordenadora da “Pesquisa Nacional sobre Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral”, a pesquisadora Márcia Arán afirma que a necessidade do diagnóstico de “transtorno de identidade de gênero” como condição de acesso à saúde restringe em muito os processos de cuidado. Segundo a pesquisadora, é necessário construir uma noção mais ampliada de saúde, baseada na individualização do cuidado e na integralidade da assistência para que se possa acolher de fato as necessidades de saúde desta população.

“É preciso pensar e discutir alternativas de regulamentação do acesso à saúde que possam, mesmo reconhecendo o sofrimento psíquico em algumas pessoas, não enquadrá-las em uma patologia psiquiátrica”, avaliou, em recente entrevista ao CLAM. (Clique aqui para ler a íntegra)

A opinião do professor Ruben Matos (IMS/UERJ), vai ao encontro da defendida pela colega Marcia Arán. Para ele, o princípio da integralidade implica o reconhecimento de que há situações de sofrimento, que, embora não resultantes de uma doença, podem ser superadas com o uso de certas práticas de cuidado de saúde.

“Tal reconhecimento por si só já é suficiente para que se defenda a inclusão de tais procedimentos no rol daqueles a serem assegurados no âmbito do SUS. Por sua vez, a noção e a classificação de uma doença não é um requisito para a oferta de modalidades e procedimentos terapêuticos no SUS. Há que se recordar que a noção de doença é central na biomedicina, a racionalidade médica hegemônica. Mas há outras racionalidades médicas que não utilizam esta noção de doença, e oferecem recursos terapêuticos para situações de sofrimento que já estão incorporados no âmbito do SUS”, conclui.


Publicada em: 04/11/2010 às 12:00
Clique aqui para ler para a postagem original, no site do CLAM.


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terça-feira, 19 de outubro de 2010

Justiça gaúcha autoriza transexual a mudar de nome sem cirurgia de readequação genital

A Justiça Estadual autorizou transexual a retificar seu registro civil de nascimento, mudando o prenome de Antônio para Veronika, mesmo sem ter realizado cirurgia de modificação de sexo. A decisão é do Juiz de Direito Roberto Coutinho Borba, Diretor do Foro e titular da 3ª Vara Cível de Bagé. 

A sentença determina, ainda, que o Registro Civil das Pessoas Naturais de Bagé deverá zelar pelo sigilo da retificação do assento da parte, ficando vedado fornecimento de qualquer certidão para terceiros acerca da situação pretérita, sem prévia autorização judicial.


(imagem meramente ilustrativa)


Caso
O autor ingressou com ação de alteração de registro civil alegando que sempre apresentou tendência pela feminilidade, fazendo uso de roupas e maquiagens femininas. Afirmou que sempre se sentiu uma mulher aprisionada em um corpo masculino e referiu que é conhecida em seu meio social como Veronika.

Discorreu sobre o preconceito que enfrenta pela identificação de seu nome de gênero masculino, a despeito der sua aparência feminina, e que se encontra em busca de realização de cirurgia de modificação de sexo. Teceu considerações a respeito do transexualismo e da possibilidade de modificação de seu registro civil, argumentando ser dispensável a prévia modificação do sexo, mediante cirurgia, para a alteração do registro.
O Ministério Público opinou pela prévia realização de cirurgia de modificação de sexo. 

Sentença
No entendimento do Juiz Roberto Coutinho Borba, a tutela dos direitos dos homossexuais e dos transexuais há muito encontra resistência nos ordenamentos jurídicos em decorrência do arraigado conteúdo judaico-cristão que prepondera, em especial, nas culturas ocidentais. A despeito do caráter laico da República Federativa do Brasil, parte considerável de nossa legislação infraconstitucional ainda se encontra atrelada às questões de índole religiosa, observa o magistrado. Cumpre, assim, a prevalência, no caso concreto do princípio fundamental da dignidade da pessoa humana.

Segundo ele, soa desarrazoado que não se outorgue chancela judicial à parte demandante com o condão de evitar prejuízos hipotéticos, quando prejuízos evidentes lhe são impostos cotidianamente, quando é constrangida a exibir documentos de identificação não condizentes com sua aparência física. Fazer com que a autora aguarde realização de cirurgia que não se revela indispensável a sua saúde e, que por tal razão não tem data próxima para ser realizada, seria impor-lhe continuar a enfrentar constrangimentos por toda vez que lhe for exigida a identificação formal, documental, analisa o Juiz.

Conferir a modificação do nome do transexual é imperativo indesviável do princípio da dignidade da pessoa humana, medida que evidentemente resguardará sua privacidade, liberdade e intimidade, diz a sentença. Exigir-lhe a realização do indigitado procedimento cirúrgico é impor-lhe despropositada discriminação, é manter-lhe permanentemente sob o olhar crítico, desconfiado e preconceituoso daqueles que não se adaptam às mudanças dos tempos.

Segundo artigo 58, caput, da Lei dos Registros Públicos, o prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos e notórios. A interpretação que a doutrina e a jurisprudência têm outorgado à substituição, em regra, vai limitada às pessoas dotadas de eloquente aparição pública. Porém, reputo que se trata de concepção por demais restritiva da regra supracitada, pondera o magistrado. É dever-poder do julgador, quando instado para tanto, na especificidade do caso concreto, fazer valer o texto normativo constitucional, suprindo lacunas com aplicação da principiologia quando (e se) necessário.


EXPEDIENTE 
Texto: Ana Cristina Rosa
Assessora-Coordenadora de Imprensa: Adriana Arend

Publicação em 19/10/2010 11:06 no site do TJ-RS
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Close - Festival Nacional de Cinema da Diversidade Sexual

Festival promoverá um encontro entre cineastas, estudantes e pesquisadores em Porto Alegre

Mostra sobre diversidade sexual é apresentada no CineBancários<br /><b>Crédito: </b> Bruna Cabrera
Mostra sobre diversidade sexual é apresentada no CineBancários
Crédito: Bruna Cabrera
A diversidade sexual é tema de "Close: Festival Nacional de Cinema da Diversidade Sexual", mostra a ser realizada de quinta a domingo, no CineBancários (General Câmara, 424). Com a proposta de valorizar produções cinematográficas e incitar debates em relação a seu tema central - a diversidade de expressões da sexualidade -, o festival irá promover um encontro entre cineastas, estudantes, pesquisadores, cinéfilos, militantes, comunidade LGBT e público em geral interessado na temática, através da linguagem do cinema.

Para o cinema, o termo close designa um plano íntimo e fechado do rosto expondo a face do personagem: uma possibilidade técnica e subjetiva de aproximação e revelação. Na gíria LGBT, o "bate-bate", "dar close" significa mostrar-se, exibir-se, chamar a atenção para si.

A programação gratuita contará com três mostras: a Competitiva (o melhor dos filmes curtas-metragens selecionados, que disputarão premiações em dez categorias), a Paralela (não competitiva, com filmes selecionados pela curadoria), e a Informativa (uma seleção de filmes expressivos em curta, média ou longa-metragem de conteúdo artístico, histórico ou social, relacionados à temática da Diversidade Sexual).

Na quinta-feira, na sessão das 17h, dentro da mostra Informativa, serão exibidos "Amanda e Monick", de André da Costa Pinto; e "Ivo e Suas Meninas", de Beca Furtado. Logo após a sessão terá debate com os diretores André da Costa Pinto e Betânia Furtado e o ator Everton Barreto. Com mediação de Márcio Reolon. Às 19h, o público poderá conferir "Como Esquecer", de Malu de Martino, com o atriz Ana Paula Arósio, também seguido de conversa com a produtora Elisa Tomelli.

Na sexta, às 17h, terá "Rocky e Hudson", de Otto Guerra, com direito a encontro com o diretor no final. Na sessão das 19h, será projetado "Felizes para Sempre", de Ricky Castro, também seguido de bate-papo com os realizadores. No sábado, o documentário "Positivas", de Susanna Lira, com exibição às 10h, segue com conversa com a diretora. Ainda neste dia, às 17h, poderá ser conferido "Do Começo ao Fim", de Aluizio Abranches, que estará presente para um encontro. No domingo, a última sessão, às 19h, será com "El Cuarto de Leo", de Enrique Buchichio, do Uruguai. O debate será com o ator Martín Rodriguez. A programação pode ser acompanhada no roteiro de cinema.

Fonte: Correio do Povo

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Serviço:
Close - Festival Nacional de Cinema da Diversidade Sexual
Porto Alegre - RS - Brasil

Página oficial do Close:
http://www.somos.org.br/close/
Programação completa (21 a 24 de outubro):
http://somos.org.br/close/?page_id=249

Organização:
SOMOS, Comunicação, Saúde e Sexualidade

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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Cartunista revela que também é crossdresser

Laerte: 'Tenho vergonha de quase tudo que desenhei'

O cartunista Laerte, com 40 anos de carreira e 59 de idade, lança 'Muchacha', coletânea de quadrinhos sobre os bastidores de uma série televisiva. No livro, um dos personagens, Djalma, se veste de mulher - comportamento que o próprio ilustrador vem adotando desde 2009 como reflexo de uma crise pessoal e profissional.

por Armando Antenore


Laerte de batom, unhas pintadas, brincos e cabelos chanel, elementos que agregou recentemente às roupas masculinas. Desejo de explorar o universo feminino Foto: Gabriel Rinaldi (       0)
Gabriel Rinaldi
Laerte de batom, unhas pintadas, brincos e cabelos chanel, elementos que agregou recentemente às roupas masculinas. Desejo de explorar o universo feminino

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Passava das 14h30 de uma quarta-feira e Laerte Coutinho ainda não chegara à entrevista. Eu o aguardava numa padaria da Vila Madalena, bairro notívago de São Paulo. O cartunista de 59 anos, que está completando quatro décadas de uma carreira elogiadíssima, deveria aparecer 30 minutos antes. Como não dava as caras, resolvi lhe telefonar. "Putz, rapaz! Me esqueci de você!", constatou, aflito. Saiu correndo do Butantã, onde mora num sobrado com dois gatos, e adentrou a padaria às 15h20. Exibia vistosos brincos de pérolas e um corte de cabelo chanel.

Apenas no fim da conversa, que durou quase três horas, esclareceu o motivo do visual peculiar: desde 2009, como resultado de uma profunda crise, mantém o hábito de se vestir de mulher, total ou parcialmente. A prática também pontua o livro Muchacha, que o desenhista paulistano acaba de lançar. A coletânea reúne quadrinhos publicados no jornal Folha de S.Paulo e retrata os bastidores de uma série televisiva dos anos 50. Um dos personagens, o ator gay Djalma, protagoniza espetáculos musicais sob a pele de uma transexual cubana.

BRAVO!: Você costuma esquecer compromissos?
Laerte Coutinho:
Não, não costumo. É verdade que, às vezes, me desligo um pouco da Terra e vou para o mundo da Lua. Mas, em geral, me julgo um camarada bem responsável.

Então por que você se esqueceu do nosso encontro? Tem ideia?
Sinceramente? Freud explica. Freud sempre explica. Na realidade, não queria dar entrevista. Estou me obrigando… Atravesso um período nebuloso, sabe? Uma crise gigantesca, tanto pessoal como profissionalmente. Não ando satisfeito com minhas criações e não imagino um modo de torná-las satisfatórias no curto ou no médio prazo. Talvez nem mesmo no longo. Uma sinuca de bico… Falar sobre minhas ilustrações, meus cartuns e minhas tiras neste momento me incomoda muito. É reivindicar importância para algo que já não avalio como tão relevante. Hoje não acredito que possa despertar o interesse de alguém. Sinto vergonha de quase tudo o que produzi em 40 anos de carreira. Gostaria de consertar a maioria das coisas.

Vergonha? A palavra me soa forte demais, entre outras razões, porque você ganhou inúmeros prêmios e porque diversos cartunistas, incluindo os jovens, frequentemente o classificam de genial.
O problema é que não me convenço. (risos) Genial? Considerava-me gênio quando adolescente. "Uma hora o mundo vai me descobrir", pensava, enquanto rabiscava carros, barcos, guerreiros. Tremenda bobagem… Claro que enxergo qualidades no que fiz e no que faço. Longe de mim bancar o coitadinho ou apelar para a falsa modéstia. Só que tais qualidades não chegam nem perto das que me atribuem. Eu não me contrataria. (risos) Na década de 1980, por exemplo, participei do Festival Internacional de Quadrinhos em Angoulême (sudoeste da França). Fui representar o Brasil com o Ziraldo e mais alguns colegas. Assim que desembarquei na cidade, bateu um desconforto horrível. Tive ímpetos de cavar um buraco e sumir. Os franceses, que publicam HQs sofisticadérrimas, maravilhosas, simplesmente nos desprezaram - ainda que de maneira diplomática. Eles examinavam as nossas produções, arrebitavam o nariz e comentavam: "Curioso, curioso…" Aquilo me pareceu uma baita injustiça contra o Ziraldo e o resto da turma, mas não em relação às charges que levei para lá. Confesso que adoraria adorar a minha profissão. Adoraria ser como o Angeli, que desenha com um amor imenso. Ou como o Robert Crumb, que desenha compulsivamente. Ou como o Paulo Caruso, que desenha com uma facilidade assombrosa.

Você não vê mais graça em desenhar?
Praticamente não vejo. Desenhar se tornou penoso, difícil. Mal começo um trabalho, percebo que estou me dedicando àquela tarefa apenas porque necessito cumprir prazos ou pelo simples fato de que já a incorporei no meu cotidiano. Fugir da burocracia virou o xis da questão. Descobrir rumos novos, prazeres diferentes… Há tardes em que travo e fico horas sem arriscar um mísero esboço, inteiramente refém da autocrítica. Não me agradam os motes que escolho para as tirinhas, o desenvolvimento das tramas, a redação dos textos, o jeito como lido com as cores, a plasticidade do meu traço. Por outro lado, também não me agrada a perspectiva de largar tudo e me refugiar numa ilha deserta, folgadão. Não pretendo me aposentar. O que desejo é me reinventar.

Quando a crise eclodiu?
As primeiras insatisfações surgiram em 2001 ou 2002, no vácuo de uma tempestade maior que causara o fim do meu terceiro e último casamento. Pouco depois, em 2004, o incômodo cresceu e resolvi abdicar de vários elementos que marcavam minha trajetória. Abandonei personagens famosos, como o Overman, os Gatos e os Piratas do Tietê, certo tipo de humor, menos sutil, e a preocupação com a linearidade das histórias. Iniciei, ali, uma fase mais "filosófica", que muitos intitulam de nonsense e que ainda me caracteriza. Uma parcela dos jornais que divulgavam os meus quadrinhos estranhou a reviravolta e acabou me dispensando - caso do gaúcho Zero Hora e do capixaba A Tribuna. Reclamavam de um hermetismo excessivo, de uma obscuridade que atrapalharia a fruição do público. Evidente que não concordo. Rejeito, inclusive, o adjetivo nonsense para definir o meu trabalho. Nonsense pressupõe o caos, a ausência total de significado. Ocorre que minhas tiras buscam, sim, um sentido - mesmo que seja o de aplicar um golpe na lógica, o de implodir o senso comum. Discussões semânticas à parte, noto que a trilha inaugurada em 2004 vai se fechando. Preciso, no fundo, me reconectar com o adolescente atrevido que, 45 anos atrás, ingressou num curso livre de desenho e pintura doido para se expressar. Preciso reencontrar a chave daquela inquietação, daquele frescor, daquela ousadia.

Envelhecer o deprime?
Não, mas me assusta. Nunca almejei a longevidade e sempre achei que morreria cedo. Por isso, não me angustio quando lembro que completarei 60 anos em 2011. Penso que dei sorte, que estou no lucro. (risos) O que me espanta é a rapidez do tempo - a ligeireza com que os dias voam depois que passamos dos 40. Uma rapidez estonteante, que se associa à falta de produtividade. Para um garoto, 12 meses fazem uma diferença brutal. Quantas coisas se modificam num intervalo tão pequeno! Já para um cinquentão, 12 meses normalmente não representam nada. Tudo permanece idêntico.

Recém-lançada, a coletânea Muchacha leva o nome da cantora e dançarina que o ator gay Djalma interpreta na trama. Ele se traveste. Você, à semelhança de Djalma, está usando brincos e um corte de cabelo bem femininos. Também aprecia o guarda-roupa das mulheres?
Também. É uma descoberta nova, uma predileção que se insinua há séculos, mas que se manifestou com todas as letras apenas em 2009. Cinco anos antes, um dos meus personagens, o Hugo (veja acima), decidiu "se montar". Não sei exatamente por quê. Só sei que, de uma hora para outra, arranjou vestido, batom, salto alto e se jogou no mundo. Desde que nasceu, o Hugo se porta como um alter ego do Laerte. Ele costuma assumir nos quadrinhos grilos e desejos que se confundem com os meus. O fato de imitar o visual das mulheres certamente denunciava algo sobre mim - sobre ambições que eu me negava a explorar às claras. Foi quando recebi o e-mail de uma arquiteta, fã do Hugo. Quer dizer: de um arquiteto que abraçou a identidade feminina. O sujeito me perguntava se ouvira falar dos crossdressers, pessoas que gostam de botar roupas ou adereços do sexo oposto. Na época, não dei muita bola. Mas em 2009, por causa do aguçamento de minhas neuras existenciais, procurei um clube de crossdressers, frequentei reuniões organizadas pelo grupo e li a respeito do assunto. Depois, lentamente, agreguei enfeites femininos à indumentária masculina - brincos, colares, unhas pintadas. Hoje, dependendo da ocasião, me visto como mulher dos pés à cabeça, mesmo em lugares públicos, onde acabo passando despercebido. Outras vezes, ponho somente uma bijuteria, um esmalte. De início, meus filhos, minha namorada e meus amigos chiaram. Agora, já se acostumaram. Ou quase. (risos)

O que você sente quando se traveste?
Um prazer indescritível, que nunca cogitei sentir. Recorrendo à prática, não planejo mudar de gênero definitivamente nem colocar em xeque a minha bissexualidade. O crossdressing, no meu caso, se refere menos à atividade sexual e mais à transposição de limites. É uma necessidade imperiosa de perscrutar e vivenciar os códigos femininos. Há ocidentais que se deleitam em investigar o Oriente. Experimentam comidas exóticas, fazem ioga, visitam a China. Da mesma maneira, por que um homem não pode empreender uma viagem radical pelo planeta insondável das mulheres?

Em 2005, você perdeu um de seus três filhos num acidente de carro. A crise atual tem alguma relação com a morte dele?
Creio que sim. O desaparecimento repentino do Diogo, aos 22 anos, me abalou terrivelmente. Fiquei um mês mergulhado na absoluta incapacidade de desenhar. Quando retomei o trabalho, as dúvidas que me conduziram à guinada conceitual de 2004 recrudesceram. O entendimento de que um ciclo terminara se mostrou claríssimo. Desde então, vivo sem bússola, um tanto desnorteado. Ou melhor: existe um norte, só que é um norte débil, inseguro, mutante. Uma vertigem contínua. A perda do Diogo retirou o véu de tudo. Relativizou ainda mais quaisquer certezas, desnudou as minhas fragilidades e, paradoxalmente, revelou as minhas forças - ha medida em que toda fragilidade demanda uma força como resposta. Mas, na contramão do que parece, não extraí mensagens edificantes do episódio. A morte não nos traz lição nenhuma. É o desconhecimento pleno, um vazio que não se contenta com as justificativas da política, da sociologia, do direito, da psicanálise, da antropologia. Pegue o fim trágico do Glauco... (Glauco Villas Boas, cartunista e amigo de Laerte, assassinado em março junto do filho, Raoni, por um adepto da Igreja Céu de Maria). O que explica uma barbárie daquela? "Ah, como lideravam um culto religioso que ministra o santo-daime, Glauco e Raoni atraíram um punhado de malucos..." Será mesmo? Para mim, não importa! Nada esclarecerá o mistério de por que alguns partem do modo cruel como os dois partiram. Havia realmente necessidade daquilo? Daquele Armagedon doméstico? Do horror imensurável? Um pai presenciar a execução do próprio filho e depois morrer?


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LIVRO
Muchacha, de Laerte, Companhia das Letras, 96 págs, R$ 29

Matérias Relacionadas:
As Melhores de Hugo


Matéria originalmente postada no site da Revista BRAVO!
Laerte: 'Tenho vergonha de quase tudo que desenhei' - A Revista - BRAVO!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Campanha Institucional da Igualdade-RS, realizada em 2003

Como resgate da memória sobre os trabalhos realizados em defesa dos direitos de travestis e transexuais, relacionamos a seguir Video Institucional da Campanha "Aos Olhos da Vida Somos Todos Iguais", produzido pela Igualdade RS - Associação de Travestis e Transexuais do Rio Grande do Sul.

A campanha é composta de um comercial de 41 segundos de duração e o vídeo institucional dividido em 2 partes e foi realizada em 2003, por ocasião dos 3 anos de existência da Igualdade RS, atualmente com 11 anos de atuação.

Segue o endereço para o blog da Igualdade e, logo adiante, os 3 videos:
http://igualdaders.zip.net/

Comercial Igualdade RS


"Aos Olhos da Vida Somos Todos Iguais" (1/2)


"Aos Olhos da Vida Somos Todos Iguais" (2/2)

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Conselho Federal de Medicina autoriza cirurgias de remoção de seios, útero e ovários para homens transexuais

O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicará resolução que altera as regras e regulamentações sobre cirurgias de troca de sexo feminino para masculino. De acordo com as mudanças, deixam de ser considerados experimentais nesses casos, a retirada de mamas, útero e ovários. Os procedimentos poderão ainda ser realizadas em qualquer estabelecimento, desde que sigam os pré-requisitos da resolução.

A resolução 1955/2010 do CFM deve ser publicada no Diário Oficial da União na quinta-feira. A medida, no entanto, ainda considera experimental o procedimento de construção de pênis, por entender que os resultados estéticos e funcionais ainda são questionáveis.

De acordo com o CFM, a seleção dos pacientes para cirurgia continua obedecendo a avaliação de equipe multidisciplinar, composta por psiquiatra, cirurgião, endocrinologista, psicólogo e assistente social, com acompanhamento de, no mínimo, dois anos.

Para se candidatar, o paciente deve ainda ser maior de 21 anos, além de ser diagnosticado por um médico, e apresentar as características físicas apropriadas para a cirurgia.

A resolução anterior (1652/2002), considerava como experimental a retirada de mamas, ovários e útero, e determinava que os procedimentos só poderiam ser realizados em hospitais universitários ou públicos.

A legalidade das cirurgias de troca de sexo foi reconhecida em 1994, mas a regulamentação só veio três anos depois, com a autorização, em caráter experimental, as cirurgias de troca de sexo. Essa resolução (1482/97) exigia que os procedimentos só poderiam ser realizados em feita em hospitais universitários ou públicos.

Em 2002, uma nova resolução validou a retirada de útero, ovários e mamas como tratamento dos casos de transexualismo, mas ainda como experimentais. Essa decisão, segundo o CFM, teria provocado polêmica, e motivou a publicação de uma nova resolução.

Fonte: Portal Terra

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Comentários:

A nova Resolução do Conselho Federal de Medicina é positiva e vem atender a demandas históricas dos homens transexuais, que sempre tiveram dificuldade de realizar essas cirurgias, tanto pelo SUS, como em clinicas particulares, pelo fato de serem consideradas "experimentais". Agora, cai essa barreira e espera-se que eles passem a ter a vida facilitada e um tratamento mais digno.

O lado negativo ainda se percebe no festival de impropérios, expressões preconceituosas e equivocadas que a imprensa se utiliza para tratar do assunto. Diante disso, precisamos esclarecer nossos leitores que:

1) As cirurgias autorizadas não são "para mulheres", e sim para homens transexuais, aqueles que fazem a transição FtM (do feminino para o masculino).  

2) O nome correto do procedimento não é " troca (ou mudança) de sexo", e sim readequação genital (ou sexual), porque o sexo é definido no cérebro e isso não pode ser mudado.  
  
3) Ainda por cima, essa resolução do conselho autoriza diversos procedimentos necessários para os homens transexuais, como remoção de seios, útero e ovários, exceto a readequação genital, que ainda continua sendo considerada experimental.  
  
4) Ou seja, tudo que essa resolução não fez foi "liberar ou autorizar a mudança de sexo", como a imprensa vem (des)informando, tanto na notícia que mencionamos, quanto em outros sites e publicações impressas.
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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

PALESTRA DO DR. KAMOL PANSRITUM EM SÃO PAULO

O Dr. Kamol Pansritum é um dos maiores médicos cirurgiões plásticos do mundo especialista em CRS - Cirurgia de Redesignação de Sexo/Gênero. 

Ele estará no Brasil porque foi convidado para participar da Segunda Jornada de Ginecologia e Obstetricia Estetica, nos dias 9 e 10, a ser realizada no Intercontinental Hotel, Rio de Janeiro.  

Porém, ele aproveitará a viagem para encontrar-se com psicólogos, psiquiatras, médicos, clientes e demais interessados e realizará uma palestra em São Paulo, no dia 12 de setembro, no Hotel Maksoud Plaza.

Também atenderá consultas de clientes interessadas, no dia 13 de setembro, no mesmo local.

Para inscrições na palestra e marcação de consultas, favor entrar em contato com a Srª. Maria Fontana Tokar, brasileira que re reside na Tailândia, trabalha como intérprete e se apresenta como responsável pelo Marketing Internacional da clínica do Dr. Kamol para o Brasil e países hispânicos.

Contatos:
Email: nmariatokar@hotmail.com
Mobile: xx 66 81 258 5406

Tel/Fax: xx 66 2 661 3475
Tel: xx 66 2 260 8738 



(informações recebidas por e-mail, enviados pela própria Maria Tokar)





domingo, 25 de julho de 2010

1º ENCONTRO DA REGIÃO SUL DA ABGLT




NOTA:
A data foi alterada para 24, 25 e 26 de setembro de 2010
Os objetivos e a programação permanecem os mesmos





QUAL O TEMA?

"Trocar Experiências e Planejar é bom"

OBJETIVO DO EVENTO?
Fomentar a troca de experiência e interação das OSC, ONG’s, Instituições e Movimentos Sociais LGBT filiados ou não a ABGLT, e formular o Planejamento Estratégico da Secretaria Regional Sul da ABGLT.

QUANDO?
Nos dias 24, 25 e 26 de setembro de 2010.
Nos dias 03, 04 e 05 de setembro de 2010.

QUAL O LOCAL?
Florianópolis/SC

HORÁRIO
Inicia às 15h do dia 24/09/2010 com o Credenciamento do Evento.

QUEM PODE PARTICIPAR
OSC, ONG’s, Instituições e Movimentos Sociais LGBT filiados ou não a ABGLT da Região Sul do Brasil.

ENDEREÇO PARA ENCAMINHAR A INSCRIÇÃO
nucleodiversidaderoma@gmail.com

MAIS INFORMAÇÕES NO BLOG DO ENCONTRO:
http://encontrodaregiaosuldaabglt.blogspot.com/

sábado, 26 de junho de 2010

Nota da ABGLT sobre o assassinato de Alexandre Ivo Rajão

Alexandre Ivo Rajão, 14 anos, foi assassinado na segunda-feira, 23/06, em São Gonçalo-RJ. Alexandre foi torturado com crueldade. O adolescente era ligado ao Grupo LGBT Atitude e voluntário da Parada LGBT de São Gonçalo. No laudo consta que ele foi morto por:

1- asfixia mecânica;

2- enforcado com sua própria camisa;

3- com graves lesões no crânio, provavelmente causadas por agressões com pedras, pedaços de madeira e ferro.

Alexandre voltava para casa às 2h30, quando foi brutalmente assassinado. Seu corpo foi deixado num terreno baldio.

O delegado Geraldo Assed, da 72ª DP (Mutuá), suspeita que o crime tenha sido praticado por skinheads e motivado por intolerância à orientação sexual. Três suspeitos foram detidos.

Este é um dos casos mais chocantes de violência homofóbica dos últimos tempos. A ABGLT conclama as autoridades competentes para que tomem todas as medidas cabíveis, que a justiça seja feita e os culpados punidos exemplarmente. Não podemos tolerar mais um caso de impunidade.

Segundo dados do Grupo Gay da Bahia, 198 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais foram assassinados no Brasil apenas no ano de 2009, seguindo uma tendência anual crescente, e representando uma média de 1 assassinato a cada 2 dias. Sem dúvida, estes dados são subnotificados, uma vez que dependem de informações obtidas através do monitoramento dos meios de comunicação, e não existe o registro oficial (governamental) de estatísticas sobre a violência homofóbica. 

A ABGLT reitera seu pedido, já formalizado duas vezes, de que o Ministério da Justiça implemente as políticas públicas previstas no Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT, em especial as que dizem respeito à repressão da violência homofóbica.

A ABGLT pede que sejam feitos pronunciamentos sobre o caso na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, e que este seja um dos casos a serem expostos na Audiência Pública sobre Assassinatos de Homossexuais, a ser realizado no final deste ano pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, com requerimento já aprovado, proposto pela deputada Iriny Lopes e pelo deputado Iran Barbosa.

A ABGLT exige que seja aprovado o Projeto de Lei da Câmara nº 122/2006, que entre diversas formas de discriminação, proíbe e pune a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero.

Até quando parte do Congresso Nacional vai ser conivente com a prática da homofobia? Quantas pessoas LGBT ainda vão ter que sofrer discriminação e até ser mortas para que o Congresso Nacional cumpra seu papel de legislar para o bem de todos os segmentos da população?

Corroborando com a fala da dona Angélica, mãe de Alexandre Ivo, "... a gente tem que ser livre... , as pessoas têm que ter o direito de ir e vir, não interessa se você gosta de vermelho, eu gosto de laranja e ele gosta de branco", queremos uma sociedade que respeite a todos e todas, sem violência.

ABGLT - Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais  (http://www.abglt.org.br )

Fontes utilizadas: informações divulgadas na internet pelo Grupo LGBT Atitude São Gonçalo- RJ, por Marcelo Gerald, membro da comunidade Homofobia – Já Era, e por Madame Giselle, entre outras.

Texto enviado por Toni Reis, Presidente da ABGLT, por e-mail.

Segue video com entrevista da mãe de Alexandre: