domingo, 31 de maio de 2009

Homens usam saia e salto alto e juram que gostam de mulher - Diário de São Paulo e site O Globo

Jussara Soares, Diário de S.Paulo

SÃO PAULO - Se a sua calcinha sumiu, sua frente-única apareceu no cesto de roupa suja e sua maquiagem não dura nada, não vá logo culpando a sua filha ou a empregada. O "sócio" talvez seja o seu marido. Por aí, tem muito homem que de dia, de terno e gravata, é João. E, à noite, sobe no salto só para virar Maria.

Se isso a tranquiliza, o marido em questão pode continuar gostando - e muito - de mulher. Talvez ele seja apenas um "crossdresser", um homem que sofre compulsão por vestir-se como uma garota. Como já cantava Pepeu Gomes, eles juram que ser um homem feminino não fere o lado masculino.

- Às vezes começa com a calcinha, depois a sandália. Quando você vê, é um crossdresser. Tenho esse lado feminino e vivo esse momento como mulher - diz Patrícia Din, de 54 anos, Um empresário que, no dia-a-dia, esconde as unhas pintadas dentro de sapatos fechados, mas é louco por sandália de salto.

Você teria um relacionamento com um 'crossdresser'? (Clique e opine)


O verdadeiro nome ele não revela em hipótese alguma. Patrícia foi "casado" duas vezes. O primeiro casamento durou 21 anos. O segundo, dois.

- Agora, estou solteiro. O que cair na rede é peixe - diz, alertando que esse peixe tem que ser sereia. Porque ele é macho, sim senhor!

Presidente do Brazilian Crossdresser Club (BCC), Kelly Silva Neta, de 52 anos, garante que o "clube da Luluzinha", de vez em quando, tem cerca de 400 filiados. Segundo ele, a maioria é heterossexual. Outros são bissexuais. Os homossexuais são minoria. A associação quer acabar com o preconceito. Mas também trabalha pelo direito ao cabelão, sutiã com enchimento e minissaia para todos.


Fazemos um trabalho social. Muitos não sabem onde comprar peruca, maquiagem, roupa, e nem onde se montar. A regra é se esconder - diz Kelly.

É por isso que a associação mantém um apartamento no Largo do Arouche. É lá que executivos bem-sucedidos e pais de família guardam seu lado feminino dentro do armário. São 13 guarda-roupas, trancados com cadeados e identificados com etiquetas, que os transformam de "sapos" (quando estão vestido de homens) em "princesas".

- Não adianta querer entender. Eu sou feliz assim - afirma Kelly, que faz sucesso com as mulheres em suas duas versões.

Advogado ensinou a filha a andar de salto

Ele é advogado, casado com uma ex-modelo, pai de uma filha de 15 anos e muito "gostosa". Aos 46 anos, o "crossdresser" não mede esforço para ficar cada vez mais feminina. E tem o apoio das duas mulheres da sua vida. A universitária de 28 anos, com quem vive há dois anos e meio, não liga que ele saia de casa para ir ao apartamento comprado só para poder ser Márcia.

Ela também não faz restrições aos hormônios que lhe dão seios. Nem liga que o advogado, de vez em quando, saia com outros homens.

- Mas ela morre de ciúme de mulher - explica Márcia, que fez depilação a laser em todo o corpo e lipoescultura.

Até a filha de 15 anos convive bem com as novas formas do pai. Os dois vão juntos à praia de biquíni. E, como uma amiga mais velha, ela ensinou a adolescente a andar de salto e a se maquiar.

- Fiz curso de maquiagem - explica ele, que no apartamento de Márcia mantém uma cômoda lotada de batons, bases e outros produtos de beleza, todos importados e selecionados a dedo para causar.

Márcia é uma "mulher" extremamente vaidosa. Tem bom gosto para sapato, bolsas e roupas.

- De vez em quando minha mulher vem aqui pegar umas - diz, sem deixar de esconder o ciúme de suas coisas.

O advogado, no entanto, é um homem desleixado. Ao tirar a roupa de mulher, se enfia numa calça jeans surrada, uma jaqueta de couro e amarra o cabelo sem nenhum cuidado. Os gestos delicados ficam brutos. A exuberância feminina se torna uma versão masculina tímida. E ele pergunta: "Sou mais bonita de Márcia ou assim?"

Para uns, basta a calcinha

Se os "crossdressers" dizem que gostam de mulher, qual é a graça de parecer uma? De acordo com a psicanalista Eliane Chermann Kogut, eles se excitam com a própria figura feminina.

- O objeto do amor não é o outro. É a mulher que ele se torna - explica Eliane, cuja tese de doutorado em psicologia clínica pela PUC-SP trata do comportamento "crossdressing".

Segundo ela, existem diversos níveis da prática. Desde aquele que curte usar a calcinha da mulher na hora do sexo até homens como Patrícia, Kelly e Márcia, que precisam se vestir de mulher às vezes para dar uma volta na rua.

- É uma compulsão. Não é que eles querem se vestir de mulher. É uma necessidade. A ansiedade atinge níveis altíssimos - explica a psicanalista, dizendo que, embora não haja pesquisas conclusivas, estima-se que essa compulsão de se vestir como o sexo oposto atinja de 0,5 a 3% da população mundial.

Em geral, os "crossdressers" demonstram vontade de se montar a partir dos quatro anos.

- Comecei usando roupa da minha mãe e calcinha da minha irmã - diz Thais, um técnico de informática de 33 anos.

- Por muito tempo achei que fosse gay, mas só de pensar em homem eu tinha asco - afirma ela, que está noivo e vai se casar em breve na igreja.

Pode parecer, mas "crossdresser" e travesti não são iguais.

-O travesti se monta o dia inteiro. O 'crossdresser' só por um período. A maioria não quer abdicar da vida masculina - diz.


Segue o link para a matéria original no site O Globo:


http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mulher/mat/2009/05/31/homens-usam-saia-salto-alto-juram-que-gostam-de-mulher-756119438.asp


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sexta-feira, 29 de maio de 2009

Vídeo contra a homofobia - versão nacional

Inspirados no vídeo em inglês, e na resposta dos franceses, baseados na música "Fuck You (Very Much), de Lili Allen, sobre o Dia Mundial de Combate à Homofobia, celebrado no último 17 de maio, um grupo de brasileiros resolveu criar uma versão nacional do vídeo.

A partir de um tópico aberto na comunidade Homofobia - Já Era no Orkut, com a divulgação da versão francesa do vídeo (clique aqui para ver o tópico), surgiu a idéia de fazer-se uma versão brasileira do vídeo.

Para tanto, foram criados um novo tópico na comunidade (clique aqui para acessar) e o blog Stonewall, com o intuito de divulgar a criação do vídeo e receber as gravações.

A postagem de divulgação no blog é a seguinte:

Quer participar?

Se você também já está cansad@ de tanto preconceito, faça um vídeo com sua interpretação da música "Fuck You", da Lilly Allen, e mande para o e-mail: blogstonewall@gmail.com.
Será sua mensagem de "Foda-se" aos homofóbicos!

Enviar até o vídeo dia: 15/06/09

Formatos sugeridos (mov ou avi). Mande o arquivo zippado ou escreva-nos avisando onde você deu uplod no vídeo.

Enviar e-mail com autorização informal de uso de imagem para blogstonewall@gmail.com

Sugestão: Gravar em algum lugar que identifique sua cidade ou com uma imagem ao fundo...

Não serão usadas imagens obscenas no vídeo.

Atenção para a sincronia da velocidade do vídeo e da música "Fuck You", da Lilly Allen - sugerimos que você grave, escutando a música

Não tenha medo de usar a criatividade!!!

Outros países já deram a mensagem.

Versão francesa do vídeo:



Versão dos Estados Unidos:



E aqui a letra da música, traduzida para o português:

Fuck You (Very Much) (Tradução)

Lily Allen

Foda-se

Olhe por dentro...
Olhe por dentro da sua mente pequena
Depois olhe mais atentamente
Pois ficamos tão desanimados,
Tão enjoados
De todo o ódio que você guarda

Então você diz
Que é inaceitável ser gay
Eu acho que você é perverso.
Você é apenas um racista
Que não faz o meu tipo
Seu ponto de vista é medieval

Foda-se, foda-se
Foda-se muito, muito
Pois odiamos o que você faz
Odiamos toda a sua turma
Por favor, não chegue perto

Foda-se, foda-se
Foda-se muito, muito
Pois suas palavras não fazem sentido
E está ficando muito tarde.
Então, por favor, não chegue perto

Você...
Você se sente um pouco rejeitado
Por ter uma mente atrasada?
Você quer ser como seu pai,
Depende da aprovação dele
Mas não é assim que você a terá.

Você...
Você se sente feliz
Com uma vida tão cheia de ódio?
Pois há um buraco onde devia estar sua alma
Você está perdendo o controle
E isso é muito desagradável

Foda-se, foda-se
Foda-se muito, muito
Pois odiamos o que você faz
Odiamos toda a sua turma
Por favor, não chegue perto

Foda-se, foda-se
Foda-se muito, muito
Pois suas palavras não fazem sentido
E está ficando muito tarde.
Então, por favor, nem chegue perto

Foda-se, foda-se, foda-se
Foda-se, foda-se, foda-se
Foda-se...

Você acha que precisamos ir pra guerra
Bem, você já está em uma.
Pois são pessoas como você
Que precisam de uma lição
Ninguém quer sua opinião.

Foda-se, foda-se
Foda-se muito, muito
Pois odiamos o que você faz
Odiamos toda a sua turma
Por favor, não chegue perto

Foda-se, foda-se
Foda-se muito, muito
Pois suas palavras não fazem sentido
E está ficando muito tarde.
Então, por favor, nem chegue perto.

Foda-se...
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E aqyu

terça-feira, 26 de maio de 2009

Jornal da Band - Série Meninos Mulheres (sobre travestis)

O Jornal da Band está passando uma série de 3 reportagens, no estilo denúncia, sobre a vida e a exploração sexual de travestis, especialmente em São Paulo, mas também com referências a Estados do Norte e Nordeste, local de origem de boa parte das travestis.

A primeira matéria foi ao ar ontem e denunciou o cafetão, conhecido pelo apelido de "Malhação", que explora a prostituição de travestis em São Paulo, quase que no regime de escravidão. Ou paga o que ele pede como "licença" ou "pedágio", ou é morta. Ele era procurado pela polícia, por uma extensa lista de crimes.

Depois da reportagem, denúncias anônimas levaram a polícia a localizá-lo no dia de hoje, e ele foi morto em tiroteio com os policiais. Credo !

Na matéria de hoje, foi noticiada a morte dele.

Segue link para o site de vídeos da Band, onde já está disponibilizada a matéria de ontem, na seção do Jornal da Band, com o nome "Série Meninos Mulheres - Parte I".
http://maisband.band.com.br/

Imagino que logo mais já esteja disponível a parte II, que foi ao ar hoje, com enfoque na morte do cafetão e na atuação das bombadeiras. E quem quiser, e puder, acompanhe a Parte III, que vai ao ar amanhã, dentro do Jornal da Band, que começa às 19:20.

Além disso, quero destacar que gostei da matéria, séria e respeitosa. O Jornal da Band é apresentado pelo Ricardo Boechat e não tem nada a ver com o sensacionalismo do Datena. Quem atuou como repórter foi a Ticiana Villas Boas, que também trabalha como apresentadora do Jornal, ao lado do Boechat, sempre de forma bastante correta, tratando as travestis no feminino, diferente do que costuma acontecer em outros órgãos de imprensa.
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quarta-feira, 20 de maio de 2009

França retira transexualidade de lista de doenças mentais

Portal Terra - Notícias
18 de maio de 2009 • 14h08 • atualizado às 14h08

Lúcia Jardim
Direto de Paris

Pela primeira vez no mundo, um país retira o transexualidade na lista de doenças mentais, atendendo a uma antiga reivindicação das entidades de defesa dos homossexuais. A ministra francesa da Saúde, Roselyne Bachelot, assinou no sábado o decreto, na Alta Autoridade de Saúde, no qual moderniza os padrões e não mais considera os transexuais como doentes mentais na França.

O ato aconteceu na véspera do Dia Internacional de Luta Contra a Homofobia e a Transfobia, comemorado no último domingo. Desde 1996, a própria Organização Mundial da Saúde (OMC) define o transexualidade como transtorno psiquiátrico e recomenda o tratamento com medicamentos para "perturbações recorrentes e persistentes".


"Esta medida emblemática vai permitir de lutar contra a transfobia", declarou a ministra. A partir do passo dado pela França, as organizações defensoras dos gays esperam que outros países, além da própria OMC, sigam o exemplo e atualizem os seus conceitos. Diversas delas se manifestaram entre o sábado e hoje para saudar a iniciativa francesa.


"É uma verdadeira vitória, um combate que nós levávamos há várias gestões de ministros da Saúde", comemorou Sophie Lichten, membro do comitê internacional do Dia Internacional de Luta Contra a Homofobia e a Transfobia, que não é reconhecido em diversos países.


Já para a Associação Homossexualismo e Socialismo, a medida é importante, mas insuficiente face à discriminação contra os homossexuais, sentida mesmo em países como a França. "Queremos que se passe de atos simbólicos par atos concretos. Esperamos que a Alta Autoridade de Luta contra as Discriminações se engaje mais profundamente pela nossa causa", diz um comunicado da associação.


"Mesmo que muitos dos países não apliquem sistematicamente suas leis homofóbicas, a simples existência de certas leis faz com que uma parte significativa dos cidadãos deva se esconder do resto da população simplesmente por medo", diz a nota da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais (Ilga).


A secretária de Estado para os Direitos Humanos da França, Rama Yade, aproveitou a ocasião para solicitar a despenalização universal do homossexualismo. Em 80 países do mundo, especialmente na Ásia e na África, o homossexualismo ainda é considerado um crime. É o caso da Índia, Argélia, do Paquistão, Líbano, Cingapura ou ainda da Jamaica, por exemplo.


Nos cinco casos mais extremos, Sudão, Arábia Saudita, Irã, Yemen e Mauritânia - é não apenas crime, mas uma infração punida com pena de morte.


"Nós devemos nos mobilizar para que o que hoje é ainda aceitável para alguns se transforme em intolerável para todos", alegou Yade.


Também no sábado, diversos intelectuais, políticos e artistas franceses assinaram um comunicado no qual denunciam os preconceitos sofridos pelos homossexuais e pedem que a OMS reveja seus conceitos sobre o transexualidade ser um transtorno mental. Além disso, solicitam à Organização das Nações Unidas (ONU) que investigue, combata e puna os crimes cometidos contra gays.


sexta-feira, 15 de maio de 2009

Revista Fashion Dolls by Dudda Nandez

A Dudda Nandez, pioneira em prestação de serviços para crossdressers em seu Studio, agora lançou uma revista virtual chamada Fashion Dolls, voltada para o público crossdresser, mas com temática aberta aos assuntos LGBT em geral.

Segue mensagem de divulgação da própria Dudda:

"Olá galerinha... Já está disponível a revista "Fashion Dolls" em formato PDF. Ela é direcionada para Crossdresser e quem quiser ler conteúdo de beleza, dicas, quadrinhos e outros."

Para quem quiser conhecer, o link para download é o seguinte:
http://www.4shared.com/file/105451623/d5d97e7d/Fashion_Dolls_-_Edio_01.html

Espero que gostem.
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