terça-feira, 29 de setembro de 2009

Ela ou ele? Transexuais que participam de programas populares falam sobre preconceito e estigmas

Por Neto Lucon
Para o Mix Brasil




Não é de hoje que programas populares investem na imagem de travestis e transexuais em seus quadros, seja para performances musicais, brincadeiras ou pegadinhas. Mas será que tal participação contribui para a quebra de preconceitos ou reforça o estigma da chacota?

Atualmente o mais comentado é o Programa do Ratinho, que abre espaço na brincadeira “Ele ou Ela”, em que um grupo de cinco garotas - mulheres e trans - são avaliadas pelos telespectadores. Vestidas iguais, o público diz “ela” quando acreditam se tratar de uma mulher e “ele” quando acham que é uma travesti.

"Não gosto que me chamem de ele"
A transexual Daniela Marks (foto), de 22 anos, participa pela sexta vez do quadro “Ele ou Ela” e diz que a exposição não agrega muito para sua vida, nem pela quebra de preconceitos. Por outro lado, ela afirma ser bastante elogiada pelos telespectadores e produção.

“Somos bem tratadas pelo público e pela produção do SBT. Todos nos recebem com muito respeito e elogiam nossa beleza. Dizem até que somos as mais bonitas (ela participa ao lado da amiga Laís) que as mulheres.”

Neste caso, enquanto muitos se surpreendem com a beleza trans, outros dizem que chamá-las de maneira masculina é uma forma de disseminar preconceito, uma vez que o movimento luta para que sejam tratadas de acordo com a construção de gênero.

“Não gosto de ser chamada de ‘ele’, mas considero isso apenas um detalhe. O maior problema é a forma que isto é exposto na mídia, pois no meu cotidiano as pessoas me tratam de maneira feminina”, salienta ela.

Pior em programas policiais
Em 2003, a transexual Danielle Di Biaggio participava das pegadinhas do extinto programa do João Kleber, “Tarde Quente”, na RedeTV. Para ela, a exposição não era prejudicial comparada a outras abordagens. “O que me faria sentir mal é se estivesse em programas policiais. Essa, sim, é a pior forma de queimar nossa imagem.”

Ela declara que, embora a intenção seja da brincadeira, as pegadinhas proporcionavam momentos de admiração. “Por mais que possam fazer chacotas, no fundinho o telespectador fica admirado com nossa beleza. A beleza da transformação de um garoto que chega a ser mais feminina que muitas mulheres genéticas”, declara.

Já nos shows de transformismo, o convite é aceito pela divulgação do trabalho e um cachê extra. Paula Sabatine, que está na JUNIOR#13, na matéria sobre artistas covers, participou de dois quadros do programa Silvio Santos. Em uma performance da cantora Cher, ela levou o primeiro lugar e faturou R$400,00. “É a divulgação de um trabalho”, frisa ela.

Confira a notícia original no site Mix Brasil.
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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

VI Encontro Regional Sul para Travestis e Transexuais começou hoje em Curitiba


No final da tarde de hoje, 24 de setembro, foi iniciado o VI Encontro Regional Sul para Travestis e Transexuais, em Curitiba, organizado pelo Transgrupo Marcela Prado, presidido por Carla Amaral e pela ONG Dignidade, que contou com Rafaelly Wiest coordenando a abertura do evento, com a presença de Toni Reis, Presidente da ABGLT, representantes da ANTRA, de Órgãos Governamentais, de ONGs e políticos ligados às causas LGBT

A programação do evento segue até domingo, dia 27, com o tema "Seus Direitos, Nossos Direitos, Direitos Humanos".

Para o dia de amanhã, estão programadas 3 mesas de debates, a primeira voltada para as Agendas Afirmativas na área da Saúde, a segunda sobre as Definições das Identidades de Gênero em relação à Travestilidade e à Transexualidade e a terceira com enfoque em Trabalho, Emprego e Ensino.

No sábado, mais uma mesa de debates no campo da Cidadania, abordando a Segurança, Direito à Justiça e a Legislação e seus avanços.

Para concluir, serão formados grupos de trabalho divididos por tema, que debaterão e apresentarão suas propostas ao final do dia.

No domingo, o final do evento, com a participação na Parada da Diversidade de Curitiba.
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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Analisad@s - Transgêneros no mercado de trabalho


9/10/2009

Jornal-laboratório da Unicsul publica matéria sobre realidade da comunidade trans brasileira

Por Acácio Brindo
Para o Mix Brasil




A edição 34 do jornal "Cidadão", veículo laboratório dos estudantes de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, publicou uma matéria sobre a realidade de transgêneros no Brasil.


Confira texto na íntegra:

O mercado de trabalho está difícil para qualquer cidadão. Imagine para as pessoas “transgênero”. Elas são transexuais, drag queens e travestis em busca de uma oportunidade digna na sua área de formação.

Na maioria dos casos o preconceito começa na infância quando são descobertos os primeiros indícios de que algo diferente acontece. Diferente, sim, porém nada a ver com aberração ou doença como muitos pensam ou dizem.

A drag queen, estilista e maquiador Robytt Moon, faculdade incompleta de educação física, largou os estudos em Presidente Prudente (SP) porque estava descontente. “O preconceito está inserido nas pessoas e nos próprios gays. Não tenho interesse de voltar a estudar. Ganho mais como drag-queen e pretendo abrir minha loja”, diz. Ela vive afastada da família que não aceita seu trabalho e seu estilo de vida.

Em geral, a falta de apoio familiar é outro fator decisivo para o abandono dos estudos. A travesti Thara Wells - entrevistadora e escritora bissexta em Sorocaba (SP) - sobrevive da prostituição. Ela tem segundo grau completo profissionalizante técnico em contabilidade, fala três idiomas e fez alguns cursos como edições em vídeo, técnico em escritório e administração de empresas. Poderia estar em qualquer universidade e inclusive conseguir bolsa integral.

“Quando estudava eu era muito feminina, mas ainda não era travesti fisicamente. Mesmo assim, o preconceito vinha de todos os lados. Tinha trabalho em grupo e ninguém me queria por motivos de queimação de filme [vergonha]. Na hora do intervalo vinham agressões verbais e morais. O preconceito talvez seja um defeito de fábrica do ser humano”, afirma Thara.

“Todos os gays aspiram ao respeito e à aceitação hetero, mas, se nós mesmos não nos suportamos no sentido de que gay não gosta de transex, que não gosta de sapata [lésbica] que não gosta de drag queen, que não gosta da pintosa. Como queremos que os heteros nos aceitem e respeitem, se internamente não nos suportamos ”, diz Thara .

Alguns órgãos públicos esclarecem as pessoas “transgêneros”, como a Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual (Cads) e o Centro de Referência da Diversidade (CRD).

A Cads tem o objetivo de promover, estimular e divulgar toda ação que combata à homofobia, assim como criar um espaço de comunicação com a sociedade como um todo. O CRD oferece oficinas profissionalizantes, atendimento psicológico e social, espaço de conveniência, orientação sobre saúde e aconselhamento jurídico.

Ambos são ligados à Prefeitura de São Paulo e localizados na zona central da cidade. Apesar de recém criados, cumprem um papel importante. Entretanto, ao serem questionados sobre dados reais quanto ao mercado de trabalho, esquivam-se por meio de gerúndios com um “estarei te enviando ou conversando sobre o assunto após o feriado”. A reportagem procurou as duas entidades por duas semanas, em vão.

A maior parte das transgêneros trabalha como profissionais da noite. De acordo com a Articulação Nacional das Travestis e Transexuais (Antra), cerca de 90% delas estão inseridas na prostituição.

A drag queen e maquiadora Llady Metteora de Tatuí, na região de Sorocaba, nível técnico em nutrição e dietética, trabalhou por algum tempo nessa área e não gostou.
“Desde criança eu já era diferente dos meus amiguinhos na escola. Era um menino afeminado, mas creio que fui privilegiado aqui no interior, pois as pessoas são mais tolerantes. Atualmente como maquiadora tenho mais destaque e é o que amo fazer. No Brasil não existe graduação nessa área como na Europa e nos EUA, mas se tivesse que escolher outra área eu faria Letras”, diz Llady.

Entre os brasileiros, as transgêneros compõem a categoria que mais sofre preconceito na própria comunidade LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros). Formam-se poucas profissionais nas universidades e, mesmo com o diploma nas mãos, não conseguem atuar no mercado de trabalho para o qual estudaram.

O circo midiático faz a sua parte
Muita gente rejeita ser atendida por uma médica transexual, mas adora ver na madrugada de carnaval o baile Scala Gay que acontece no Rio de Janeiro.

A sociedade costuma rir da diferença e não a aceita com respeito e dignidade. Ao exibir programas desse tipo, a televisão também colabora para a situação de exclusão e não de aceitação como deveria ser. Não existem documentários ou filmes na programação aberta, e os poucos, feitos geralmente no exterior como “Transamerica” (2005) – Globo de Ouro de melhor atriz para Felicity Huffman - não passam na “Tela Quente” da Rede Globo. “Transamerica” ficou pouquíssimo tempo em cartaz nos cinemas de São Paulo.

Recentemente, o filme “Brokeback Mountain” (2005), do diretor Ang Lee, foi outro marco ao conseguir romper as barreiras de Hollywood. Na televisão, desde os anos 70, os programas de auditório como Chacrinha, Silvio Santos ou Bolinha tentavam de alguma forma dar visibilidade ao grupo e traziam travestis e transexuais em quadros de dublagem.

“A luz no fim do túnel poderia ser as leis mais rígidas de inclusão social, porém vejamos o exemplo das cotas para negros que geram polêmicas e controvérsias”, diz Llady Metteora. “O que concluímos disso é que antes de tudo o nosso pensamento deve mudar.

Devemos parar com a exclusão velada e compreendermos que, independentemente de usar saias, passar batom ou vestir uniforme militar, as transgêneros são seres humanos e têm direitos que não estão sendo assegurados pela Constituição”, afirma Thara Wells.

Confiram a postagem original no site Mix Brasil.
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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

"Não será a cirurgia que me fará mulher", diz pedagoga

Do site A Capa
Por Marcelo Hailer 7/9/2009 - 15:59


O 7º Encontro Nacional Universitário de Diversidade Sexual (Enuds) em Belo Horizonte está perto do fim, mas os seus debates e personagens não. Letícia P., 21, formada em pedagogia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), está no evento "para saber o que o mundo acadêmico está discutindo a"respeito das travestis e transexuais", disse.

A moça, que no momento faz a sua segunda graduação em Letras pela Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), nos conta também um pouco do seu processo de adequação que está fazendo no "Hospital Universitário Drº Pedro Ernesto (UPE-UERJ) desde julho".

Muito simpática, Letícia fala um pouco de sua vida pessoal e avisa que está "dando um tempo" do namorado. Ainda sobre o mundo do saber ela reclama e diz que sente falta de um debate voltado para a questão "biológica", pois, segundo ela, muitas amigas trans "acreditam que são doentes".

Confira a seguir o bate papo realizado com a moça no último sábado (05/09) no 7º Enuds, que acontece na imensa Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Por que você está participando do Enuds?
Essa é a primeira vez que venho. Vim porque acredito ser um espaço interessante para mim, já que eu teria contato com debates sobre a questão trans. Vim também para saber o que se está falando sobre as travestis e as trans, pois, eu sinto falta disso.

E como está o debate sobre a questão trans?
Eu ainda não vi muito, a primeira seria essa (debate sobre o filme "Glen ou Glenda" do diretor Ed Woods com base na teoria de Berenice Bento) e agora a tarde vai ter um GT (Grupo de Trabalho) de Travestilidades e Transexualidades que eu irei participar. Mas, eu sinto falta do embate teórico. Nós temos hoje a Berenice Bento que é pioneira nessa questão, mas voltado para questão da política de identidade. Sinto falta do debate biológico. Eu tenho amigas trans que acreditam que são doentes e eu não consigo debater com elas. Fica parecendo que o discurso patologizante (que considera a transexualidade uma doença) convence mais.

Você chegou a pensar que era doente?
Sim. Eu fui pesquisar o tema e a primeira coisa que apareceu no internet é que eu sofria de disforia de gênero. Depois vem o estereotipo, que se você é trans tem que ser de um jeito. Depois que eu descobri outras teorias, eu mudei.

Quando que você se entendeu como mulher?
Desde pequena, mas nessa época eu pensava que era uma guei feminina que saía com héteros. Foi com dezessete anos que eu comecei a perceber que era uma mulher trans.

Na primeira faculdade você ainda era menino?
Sim.

A adequação foi durante o curso? Como foi o processo?
Eu fazia parte do diretório estudantil, tinha amigos gays e fui descobrindo. Eu conversava muito com as pessoas e comecei a conhecer outras transexuais. Na primeira faculdade eu era a guei e agora, do último período pra cá, que eu comecei a contar para os meus amigos. E, isso não tem muito tempo, tem dois meses que eu comecei com o processo hormonal.

Você está participando de algum núcleo de hospital ou universidade?
Estou no programa do Hospital Universitário Drº Pedro Ernesto (UPE-UERJ) desde julho.

Você concorda com a história de um laudo médico para dizer se você é mulher ou não?
Não concordo. Eu já nasci mulher.

Você teme passar por todo o processo (dois anos) e no final dizerem que você não é mulher?
No começo eu temia, pensava que tinha que ter o laudo de qualquer jeito. Mas antes de ir para o UPE eu fiz um laudo em uma clínica particular. Ele disse que eu era trans e eu fique aliviada. Mas, hoje em dia não tenho mais paranoia com a questão da cirurgia, como se ela fosse resolver os problemas da minha vida. Se disserem no final que eu não poderei operar, não será isso que me fará deixar de ser mulher.

Você sente repulsa pelo seu órgão?
Não. Se eu quiser e sentir vontade, vou a um lugar reservado e me masturbo, não tenho esse tipo problema. Eu escondo por que não dá pra sair com roupa de menina... você entendeu né? Eu consigo viver com isso. Mas quando eu olho (o pênis) eu sinto que aquilo não faz parte de mim.

No primeiro curso você era chamada pelo nome de registro?
Sim.

Te fazia mal?
Não. Eu tenho uma cosa que é assim: quando eu estou vestida de menino eu me sinto mulher, mas não me incomodo, tanto que eu não gosto de ser confundida com gay. Quando acontece de me chamarem de gay, estão me confundindo com algo que não sou. Então é assim: mesmo com roupa de homem eu quero ser vista como mulher.

E na matrícula, está o nome de registro ou o feminino?
O masculino. Ainda não mudei.

Você não pensa em mudar?
Não. É tranqüilo. Eu falo com o professor, explico para ele que sou uma trans, que estou no processo de adequação e que se ele puder me chamar pelo nome social... E até agora não tive problema. Eles riscam (o nome masculino) e me chamam (pelo nome feminino). Não tenho aquela coisa, "não vou dizer o meu nome masculino de jeito nenhum!". Não é o nome que me faz homem ou mulher. O que mais me incomoda é ser confundida com guei ou travesti. Não sou travesti e nem guei, sou uma mulher. Mas não quero dizer que me acho melhor que a travesti, pois existe esse tipo de preconceito entre algumas trans.

Você está namorando ou ficando com alguém?
Estava namorando até umas duas semanas e agora a gente está dando um tempo.

Ele lidava numa boa?
Ele era super legal, tinha 28 anos, aceitava a questão da minha transexualidade. Saíamos juntos, ele me levava pra festas, os pais deles sabiam... Nós tínhamos uma relação ótima.

E a sua família?
A minha mãe sabe. Ela ficou abalada no começo, mas agora está aceitando numa boa. Agora com o meu pai, a gente ainda não conversou. Eu escondo dele. Quando vou sair, saio vestido de menino com a roupa de menina por baixo e tiro na rua. E eu vou vivendo assim. Em um momento não vai ter como esconder, como ainda estou no começo do processo de adequação ainda não dá pra perceber nada.

Leia a notícia original no site A Capa.
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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

13º CROSS DAY & FRIENDS Uma Noite em Dubai


No dia 19 de Setembro de 2009 ocorrerá o 13º Cross Day no Studio Dudda Nandez, e o tema será “Uma Noite em Dubai” onde teremos comidas típicas árabes. Após a reunião, quem desejar ir conosco, iremos sair pós evento. As meninas que não desejarem podem depois retirar a produção. Será muito divertido!!! Venha participar.

Todos os participantes concorrerão a um sorteio surpresa onde será divulgado somente no dia. O sorteio iniciará as 20 h. Portanto, tentem chegar antes.

Confirmação:duddanandez@hotmail.com
A conta para depósito será passada através deste contato, bem como o valor da inscrição.

Visite também os sites:
http://www.duddanandez.com.br
http://duddanandez.blogspot.com