Travestis e transexuais são os mais afetados pelo preconceito na escola
Brasília - Em uma sala de aula da 1ª série do ensino fundamental, uma professora pergunta a seus alunos o que eles vão ser quando crescer. Um diz que será médico, outra conta que pretende ser professora. Mas um dos estudantes de 7 anos responde sem titubear: “Quero ser mulher”. A declaração chocou a escola, por isso, o menino e seus irmãos tiveram que procurar outro lugar para estudar. Foi assim que a transexual Beth Fernandes, 40 anos, hoje “mulher de fato e de direito”, como ela mesmo define, foi vítima da homofobia pela primeira vez.
Travestis e transexuais são as maiores vítimas da homofobia dentro da escola. Educadores, psicólogos e entidades consultados pela Agência Brasil são unânimes ao afirmar que esse público é o mais afetado. Para fugir da discriminação, muitas vezes a saída é abandonar os estudos. “É raríssimo encontrar um travesti no ensino médio”, afirma o educador Beto de Jesus, representante na América Latina da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo (ILGA).
Beth Fernandes hoje é psicóloga e mora em Goiânia. Há dois anos ela fez cirurgia de mudança de sexo e conseguiu trocar seu nome na carteira de identidade. Diferentemente do que ocorre na maioria dos casos, com muito esforço, Beth fugiu das ruas e da prostituição. “Elas abandonam a escola, depois a família as expulsa de casa e elas vão para rua. Lá são vítimas da exploração sexual, da cafetinagem e depois dificilmente conseguem se inserir no mercado de trabalho. Cerca de 17% das travestis de Goiânia são analfabetas”, ressalta.
De acordo com a coordenadora de Direitos Humanos do Ministério da Educação (MEC), a pasta tem uma demanda muito grande por parte de travestis porque “elas não ficam na escola”. “Aos 9 anos começa a aflorar a questão da sexualidade, elas começam a ser maltratadas e a exploração sexual é quase uma trajetória”, acrescenta.
Beth conta que foi difícil superar o preconceito e muitas vezes pensou em desistir de estudar. “Várias amigas abandonaram a faculdade porque a professora insistia em chamá-las pelo nome masculino, mesmo que pedissem o contrário. É uma barbaridade cruel, um erro de percepção eu olhar para uma pessoa que se configura como mulher e chamá-la de João o tempo todo”, diz. Em Goiás, uma lei do Conselho Estadual de Educação obriga a inclusão do nome social de travestis e transexuais nos registros escolares.
Mas, com informação e orientação, a vida dessas pessoas dentro da escola pode ser diferente. Marina Reidel, de 38 anos, é travesti e dá aulas na rede pública estadual em Porto Alegre (RS). Ela leciona para estudantes de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental e nunca teve problema com alunos ou pais. “Nossa escola tem um perfil diferente porque nós já trabalhamos em parceria com uma ONG em cursos de capacitação de professores para a diversidade sexual”, explica.
Em 2006, Marina decidiu fazer a cirurgia para colocar prótese de silicone nos seios. A direção ficou receosa com a possível repercussão da mudança. Mas, no período do afastamento, o professor substituto trabalhou em sala com os alunos a questão da diversidade sexual e explicou o motivo da cirurgia de Marina. Ao retomar as atividades, Marina respondeu a perguntas dos alunos curiosos, mas não enfrentou nenhum tipo discriminação.
“Dentro da disciplina chamada de ética e cidadania, que substitui o ensino religioso, os alunos são incentivados a desenvolver projetos e pensar a questão do preconceito. Tenho certeza de que esses jovens vão sair da escola com uma cabeça diferente, não vão espancar travesti na rua como acontece por aí”, diz.
Para Beth Fernandes, a inserção de travestis e transexuais dentro do ambiente escolar pode transformar a visão que a sociedade tem dessa população marginalizada. “É o cotidiano que vai fazer a escola mudar e inserir essas pessoas. A partir do momento em que travestis são tratados como sujeitos de direitos, eles vão continuar em sala de aula. Há um progresso importante nesse processo porque as pessoas podem parar de enxergar aquela pessoa como o sujeito marginalizado, que vive na rua.”
Edição: Juliana Andrade e Lílian Beraldo
Segue o link para a matéria original, no site da Agência Brasil, dentro de uma série de reportagens sobre homofobia nas escolas (porém, as matérias estão sendo reproduzidas em quase todos grandes sites e portais de notícias)
E confira aqui a série completa sobre Homofobia nas Escolas, com gráficos, depoimentos e animações.
.
.
Infelizmente acho que ainda é muito difícil haver uma aceitação maior dessa diversidade de gêneros que temos, não só aqui no Brasil, mas no mundo todo. O engraçado é que a grande maioria das pessoas que condenam travestis, homossexuais, ou qualquer indivíduo que fuja do padrão aceito como normal (Masculino / Feminino), são os mesmos que saem escondidos de casa, e procuram estas mesmas pessoas. Ou ainda, deixam suas famílias em casa, e saem para se divertir com garotas de programa. Será que isso é ser "normal"?
ResponderExcluirAcho que nunca vou entender esse mundo.. =(
Bjs,
Bia.
Ah, esqueci de te dar os parabéns pelo Blog. Gostei bastante, e já estou seguindo.
ResponderExcluirÉ bom ter um lugar assim na internet, onde conseguimos informações sérias sobre o assunto.
Beijos,
Bia.
Oi Bia, é exatamente isso. Os mais morarlistas são os que mais aprontam. Obrigada pelos elogios.
ResponderExcluirBjus,
Louise.
Louise querida, apesar de estar muito chateado por você ter sido malvadinha por ter me denunciado na comunidade "Homofobia - Já era" Estou sendo bonzinho com você, aliás já até tinha esquecido disto quando me deparei com o triste cenário ao seu respeito em um certa comunidade:
ResponderExcluirhttp://www.orkut.com/Main#CommMsgs.aspx?cmm=75398&tid=5363214143642549766&start=1
Ahhh querido, como vc é gentil... rsrrsrsr
ResponderExcluirSe eu te denunciei, foi porque vc deu motivo para isso. Mas qual nome (ou fake) vc usava quando foi denunciado ?
Sobre essa comunidade, não me causa espanto. Ela está abandonada e por conta de gente que não tem mais o que fazer.
Eles fazem isso porque, no fundo, me adoram, sente inveja, gostariam de estar no meu lugar, mas não tem coragem de assumir e buscar sua felicidade.
Então, ficam tentando diminuir os outros. Eles que se danem, não me importo nem um pouco com o que essa gente pensa.
Gatinho, vc se mudou para a Espanha ou está hackeando o IP de alguém ?
ResponderExcluirLouise muitos utilizam-se de servidores proxy para não serem pegos pelo IP original e poder fazer trollagem no seu blog.
ResponderExcluirNão liga não, você está de parabéns e merece todo o respeito do mundo!
Beijos
Oi Wesley, eu sei disso. Mas por garantia, postei lá nas denuncias da HJE e fiz um print da tela que registrou o IP dele.
ResponderExcluirBjus, Louise.