Vídeo de Xuxú, de Juiz de Fora, teve 120 mil acessos em um mês.
Composições próprias falam sobre preconceito com homossexuais.
“Sou magrela, sou pintosa. Mas não confunda com a pantera cor-de rosa”. O recado é da cantora Xuxú, travesti de 20 anos que se tornou sucesso na internet desde que seu vídeo, “Pantera cor-de-rosa”, foi postado no YouTube por um desconhecido. O rap, sobre fama e preconceito, teve quase 120 mil acessos em um mês e fez com que a artista de Juiz de Fora, Minas Gerais, virasse uma celebridade instantânea na web.
A história de Xuxú (assim mesmo, com acento) começou com 10 músicas gravadas em um CD, sendo que nove eram versões de outros artistas. Sem dinheiro para pagar direitos autorais, ela desistiu de divulgar o disco e resolveu investir apenas na sua composição própria. Com ajuda de alguns amigos nas coreografias e na produção – além da base instrumental assinada pelo DJ Maurício – ela gravou um clipe numa praça no centro da cidade.
Na época, em outubro de 2008, o vídeo não foi muito acessado. Até que uma outra pessoa postou o clipe no YouTube e estourou. “Eu nem sei quem ele é e nem tenho como agredecê-lo”, comenta a artista, que começou a carreira no grupo de hip hop Zumbi dos Palmares. “Eu me apresentava como menino, vestia roupa masculina e cantava músicas que falavam de amor. Aí percebi que isso não estava adiantando muito para mim. Então resolvi dar uma geral e voltei como travesti, falando sobre preconceito e homofobia.”
A fama na internet já rendeu uma entrevista para um jornal local e, consequentemente, mais convites para shows, principalmente em cidades vizinhas. “Acho que sou mais famosa no Rio de Janeiro e em São Paulo. A maioria dos recados e elogios que recebo vem de pessoas desses lugares. Agora que dei entrevista aqui, estou começando a ficar conhecida em Juiz de Fora.”
Xuxú conta que, dependendo do cachê, suas apresentações – que costumam atrair jovens e muitas crianças – têm dançarinos e um DJ. “Às vezes as pessoas não têm condições de pagar e a gente tem de aproveitar a chance. Para quem é homossexual é muito mais difícil, é preciso agarrar as oportunidades. A única coisa da qual eu não abro mão é de um assistente de palco.”
No dia 18 de julho, ela vai lançar o CD “009” na boate Stand Up, em Juiz de Fora. O álbum tem nove músicas inéditas, incluindo as faixas “Deixe em off” e “Me assume”, ambas sobre preconceito. “Uma é inspirada nas pessoas que falam mal dos homossexuais. A outra é sobre os caras que só querem ter um relacionamento de uma noite, namorar escondido.”
Seguindo a cartilha de Beyoncé, Wanessa Camargo, Negra Li e Christina Aguilera, apontadas como suas favoritas, o álbum reúne canções de soul, charme e hip hop.
“Não quero fazer um trabalho só para héteros ou só para gays. Acho que está dando certo porque é muito difícil ver uma travesti cantar, principalmente hip hop. Isso fez toda a diferença”, diz.
Confiram a matéria original no Portal G1 (Globo).
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