domingo, 14 de julho de 2013

Atualizações de links e novidades no blog

Depois de muito tempo sem atualizações frequentes, estamos iniciando um processo de revisão do blog, que passa por:

- pequenas mudanças no visual
- atualização de links de sites e blogs parceiros
- correção de informações e links quebrados nas postagens antigas
- adoção de banners patrocinados em caráter experimental

As atualizações nas postagens antigas são as seguintes, por enquanto:

Filmes - Beautiful Boxer
Atualização dos vídeos do YouTube
Novos links para baixar, com legendas em português
http://www.culturacd.com/2009/03/filmes-beautiful-boxer.html

Filmes - Noite de Reis (Twefth Night)
Inclusão de link para baixar, com legendas em português
http://www.culturacd.com/2009/01/filmes-noite-de-reis-twelfth-night.html

O Terceiro Sexo - National Geographic
Atualização completa da postagem, com os horários de exibição, pois o documentário será novamente exibido durante a semana
Remoção de links inválidos para assistir online, que serão substituídos tão logo encontremos outros disponíveis
http://www.culturacd.com/2009/03/o-terceiro-sexo-national-geographic.html

Lembramos ainda que esta é uma fase de testes, em breve poderemos ter novas mudanças.





domingo, 2 de junho de 2013

Sobre cicatrizes e lindas histórias tristes

No amigo secreto do G8-Generalizando, grupo do SAJU da UFRGS do qual participo como Advogada voluntária, realizado no fim do ano passado, entre outras coisas lindas como a sua primeira obra de arte, ganhei um livro de presente da Nani, nossa colega que é estudante de Artes Visuais. 

O título é “Pequena Abelha” e conta a história fictícia de uma refugiada nigeriana e de uma jornalista inglesa, e o modo como as vidas delas se cruzaram de maneira insólita, mas definitiva.  Pequena Abelha é o apelido da moça nigeriana, o texto a seguir  está logo no primeiro capítulo e é uma das muitas reflexões que ela faz ao longo da obra.

‘Nas pernas escuras da moça havia muitas cicatrizes brancas pequeninas. E pensei: Será que essas cicatrizes estão no seu corpo inteiro, como as luas e estrelas no seu vestido ? Achei que isso também seria bonito, e peço-lhe neste instante que faça o favor de concordar comigo que uma cicatriz nunca é feia. Isto é o que aqueles que produzem as cicatrizes querem que pensemos. Mas você e eu temos que fazer um acordo e desafiá-los. Temos de ver todas as cicatrizes como algo belo. Combinado ? Este vai ser nosso segredo. Porque, acredite em mim, uma cicatriz não se forma num morto. Uma cicatriz significa: “Eu sobrevivi”.

Daqui a pouquinho vou falar umas palavras tristes para você. Mas você deve escutá-las da mesma maneira como combinamos ver as cicatrizes. Palavras tristes são apenas uma outra forma de beleza. Uma história triste quer dizer: essa contadora de histórias está viva.’

Escrevo isso para falar um pouco da minha vida e da vida de todos nós. Das cicatrizes que temos em nossos corpos e, sobretudo, daquelas que carregamos em nossas almas, ou em nossos sentimentos e experiências de vida, para quem não acredita em questões espirituais, ainda que em sentido figurado ou simbólico.

Das cicatrizes que trago no corpo, todas elas foram causadas pela busca da minha identidade, escondidas abaixo dos seios, percorrendo toda a linha da cintura e aquelas mais recentes nas partes pudendas que ainda teimam em demorar para fechar um tanto além do tempo previsto. Todas elas mostram que superei uma série de barreiras e sobrevivi.

Das cicatrizes na alma que é sempre mais difícil de falar porque elas não são aparentes e muitas vezes nem aquilo que as causou. As maiores que carrego comigo são as que vem de esquivas, descaso, desconsideração, menosprezo, negação de oportunidades apenas porque tive a coragem de ser quem eu sou e defender as causas que defendo, de pessoas em situação semelhante ou pior do que a minha.

Nesses casos, os causadores das cicatrizes pouco ou nada sentem porque se julgam superiores,  se justificam estar agindo segundo normas (escritas e não-escritas) e invariavelmente usam do desonesto expediente de transferir a culpa para a vítima, dizendo que ela é que não se encaixa naquilo que eles julgaram e decidiram antecipadamente ser a sua verdade universal e absoluta.

Para esses e para outros eu digo que tenho muitas lindas histórias tristes para contar, simplesmente porque esta contadora de histórias tristes e lindas ainda está viva.

terça-feira, 12 de março de 2013

'Eu sempre me senti mulher', afirma transexual Luisa Stern, um mês após cirurgia


Advogada Luisa Stern fala sobre a experiência de ser mulher 'de verdade'.


Luisa Stern realizou cirurgia de troca de sexo há um mês (Foto: Luiza Carneiro/ G1)
Luisa Stern realizou cirurgia de (troca de sexo) readequação genital há
pouco mais de um mês (Foto: Luiza Carneiro/ G1)
Do alto do 13º andar de um prédio residencial no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, Luisa Stern tem muito a comemorar neste dia 8 de março: será o primeiro Dia Internacional da Mulher em que a advogada de 46 anos, que passou por uma cirurgia de mudança de sexo, se sentirá completamente integrada ao gênero a que sempre sentiu pertencer.
O procedimento foi realizado há exatamente um mês e sete dias no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Não foi rápido e sem esforço. Entre grupos terapêuticos, consultas médicas e doses severas de hormônios, foram três anos de espera. Mas para ela, valeu a pena. “Eu sempre me senti mulher”, afirma, convicta, a transexual.
Ao som de Cazuza, a fã de música brasileira recebeu o G1 no seu apartamento e contou não ter nenhum arrependimento da mudança de sexo. “Transexualidade não é modismo. Precisa ter um desejo permanente, forte e definitivo. A cirurgia é irreversível e o tratamento tem que ser longo, até para evitar que por uma fantasia a pessoa faça e se arrependa”, explica.
Luisa atua como voluntária na ONG Igualdade – Associação de Travestis e Transexuais do Rio Grande do Sul. Nesta sexta-feira, ela quer estar ao lado das pessoas que ajuda em um ato na Assembleia Legislativa. “Quero marcar a data no sentido simbólico, coletivo. Para mim, todos os dias são dias de ser mulher”, argumenta.
Quando criança eu sonhava em ser menina. Mas esse desejo ficou reprimido"
Luisa Stern, transexual
Os cabelos vermelhos e um sorriso ainda escondido, muito pelo incômodo causado pelo procedimento, agora emolduram a face de quem nunca gostou da imagem no espelho. Luisa cresceu na Zona Norte da capital gaúcha, quase no limite da cidade vizinha de Alvorada. Em uma família tradicional, viveu ao lado da irmã, mãe e pai, que sempre a apoiaram, garante. “Quando criança eu já sonhava em ser menina. Mas este desejo ficou reprimido”.
Sua verdadeira identidade, no entanto, demorou para aparecer. “Tentei ter uma vida masculina, mas não consegui. Nenhum relacionamento era contínuo. Fui começar a me transformar já com uns 30 e poucos anos. Fui me assumir com mais de 40”, revela Luisa. O nome também foi mudado em maio de 2012 e Luisa prefere não lembrar. “Aquela pessoa já não existe mais”, justifica.
A transexual é uma das 300 pacientes avaliadas pelo Hospital de Clínicas desde 1998. O Programa de Transtorno de Identidade de Gênero da instituição já realizou mais de 100 cirurgias desde a sua fundação. “Quem tem a síndrome normalmente nasce convencida que não pertence ao seu sexo. Na adolescência, busca essa alteração espontaneamente, estranha seu próprio corpo, os órgãos genitais não se adequam ao que ela gostaria de ter”, explica Maria Inês Lobato, psiquiatra coordenadora do programa.

Luisa se descobriu mulher ainda criança, quando não se sentia confortável com seu corpo (Foto: Luiza Carneiro/ G1)
Luisa diz que não se sentia confortável com o próprio corpo durante muitos anos (Foto: Luiza Carneiro/ G1)

Segundo a Secretaria de Saúde de Porto Alegre, 41 pacientes foram encaminhados para a primeira consulta pelo SUS desde julho de 2011 até hoje. “A cirurgia é uma adequação, como se fosse uma plástica, que confere uma maior tranquilidade para o paciente. As tentativas de reverter com abordagem psicológica são ineficazes”, afirma Maria Inês.
Já em vida dupla, Luisa passou a frequentar bares e casas de show LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis). A comunidade cross-dresser lhe abriu as portas e mais tarde a cabeça, diz ela. “Fui morar sozinha com 20 e poucos anos. Gostava de me montar em casa. Foi um processo meio lento, mas acredito que no fundo eu sempre tive a certeza que queria viver como mulher. Só que tem toda a questão da repressão de fora e também interna. Foi bem difícil assumir”, desabafa.
Quando deu entrada no hospital em uma quinta-feira a noite para realizar a cirurgia, ela não tinha mais dúvidas. Até porque não havia mais volta. “Eu me senti bem. Acordei lúcida e entendia tudo”, conta Luisa, lembrando o momento em que abriu os olhos, já mulher, em um leito de hospital.
Em casa e de repouso há quase um mês, ela recebe visita da irmã, sobrinha e mãe, que mora no Litoral Norte do estado. Ansiosa pela volta à rotina, disse que irá ao grupo terapêutico que participava no hospital para contar sobre a experiência. “No começo existe muita confusão entre ser travesti e transexual. Cabe a cada um saber o que é”, aconselha.
Depois, ela que também é formada em contabilidade quer aproveitar o momento de transformação para investir na carreira profissional. Apesar de ter concluído a faculdade de direito em 2000, somente no ano passado Luisa adquiriu a carteira da OAB, sem a qual os bacharéis não podem advogar. 
Ser mulher, para Luisa, é a soma de um conjunto de fatores. Mas a aparência e a estética falam alto, como denunciam detalhes dos brincos, sapatilhas de onça e a decoração do apartamento onde ela mora. “Para a gente que nasceu no corpo errado, a questão da aparência é bem importante. É a gente conseguir se olhar no espelho e ver a figura feminina”, diz, realizada.
Fonte:

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Direito à Identidade: Viva seu nome !



O nome é um direito de tod@s. No Brasil, 29 de janeiro é o Dia da Visibilidade Trans.

 

Para celebrarmos o Dia Nacional da Visibilidade Trans, a Igualdade-RS, o grupo G8-Generalizando/SAJU – UFRGS e o NUPSEX/UFRGS promovem um mutirão de ações judiciais com o objetivo de conquistar um direito que não é assegurado para travestis e transexuais.


Nessa data, será realizado um ato público em prol da legitimidade dos indivíduos viverem de acordo com o nome que se identificam, e serão entregues diversos processos de Retificação de Registro Civil no Foro Central da cidade de Porto Alegre. 

 

O evento servirá para colocar em debate a importância de que o Estado ofereça os recursos necessários para que a realização desse tipo de processo ocorra sem os custos, por vezes exorbitantes, e o desgaste excessivo que travestis e transexuais tem tido que arcar para teu seu nome reconhecido, pois hoje em dia isto só é possível ser feito por meio de processo judicial. 

 

Também servirá para chamar a atenção do Supremo Tribunal Federal e do Poder Legislativo para esse problema, pois desde 2010 que a ADIn 4275 tramita no STF, sem perspectiva de julgamento próximo, e temos vários projetos de Lei tramitando no Congresso Nacional, novos e antigos, sem a perspectiva de aprovação. Enquanto isso, o Brasil vai ficando para trás em relação a países como Espanha, Argentina e Uruguai, onde já é possível que travestis e transexuais possam alterar seus nomes diretamente em cartório, sem a necessidade de recorrer ao Judiciário. 

 

Finalmente, o G8-Generalizando, a Igualdade-RS e o NUPSEX se propõem, para além do dia 29 de janeiro, a continuar realizando o processo de troca de nome de maneira gratuita para a população de travestis e transexuais e debatendo o assunto em outras instâncias, marcando nosso desejo por uma sociedade sem preconceitos, na qual cada indivíduo tenha autonomia para realizar as escolhas de como viver sua própria vida. 

 

É através do nome que nós nos identificamos e legitimamos nossas vidas em sociedade. Somos recorrentemente remetidos a nossa identidade civil e é através dela que garantimos nosso acesso aos diversos ambientes e exercemos nossa cidadania.

 

Ter um nome é segurança de pertencimento no mundo. 

 

No caso específico da população de travestis e transexuais, é da negação desse direito e da obrigatoriedade de usar um nome que não corresponde à nossa verdadeira identidade, que decorrem diversas outras formas de discriminação. 

 

Por isso, quando nós não nos encontramos representad@s pelo próprio nome e escolhemos viver através de outra designação, é essencial que o Estado reconheça seu direito à identidade, devido ao enorme constrangimento causado a quem é constantemente chamado por um nome com o qual não se identifica. 

 

Aqui fica nosso convite a tod@s para que vivam esse dia conosco, celebrando todos os nomes que amamos e que nos fazem ser quem somos! 

 

Contatos: 

 

Igualdade RS - Associação de Travestis e Transexuais do Rio Grande do Sul 

www.aigualdaders.org | aigualdaders@hotmail.com



G8-Generalizando/SAJU-UFRGS
www.g8generalizando.blogspot.com.br | g8generalizando@gmail.com