A seguir, reproduzimos notícia divulgada pela SUSEPE e complementada com fotos de postagem no blog da Igualdade-RS, pelo qual também somos responsáveis:
http://www.aigualdaders.org/2012/04/presidio-central-de-porto-alegre-tem.html
As travestis e seus companheiros no novo local, chamado de 3º H.
A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e a ONG
Igualdade-RS, viabilizaram para travestis privadas de liberdade,
homossexuais e companheiros, o cumprimento de pena em celas separadas
dos demais presos no Presídio Central de Porto Alegre (PCPA). A intenção
é retirá-las da situação de risco e violência, além de tentar coibir a
violação dos Direitos Humanos.
Para a diretora do Departamento
de Tratamento Penal da Susepe, Ivarlete Guimarães de França, a garantia
de direitos humanos no cárcere, a diversidade sexual e os direitos
homoafetivos se inserem na Política de Atenção Integral como parte
importante nas linhas de cuidados singularizados da pena.
"A
Susepe vem implementando, dentro das Diretrizes Nacionais e
Internacionais de Direitos Humanos, uma política de tratamento penal que
contempla as necessidades dos diferentes grupos da população privada de
liberdade", enfatiza.
ONG Igualdade-RS
Conforme a presidente da ONG, Marcelly Malta, o convívio com outros
presos era marcado por humilhações, injúrias e pela ameaça constante de
sofrer discriminação ou violência. "Levamos seis meses para executar o
projeto de separação das celas, mas atualmente, nos espaços
diferenciados, elas sentem-se mais felizes, e com autoestima elevada",
afirma. Para Marcelly é necessário, ainda, implementar projetos de
trabalhos prisionais. "Elas querem muito confeccionar artesanatos para
comercializar e enviar renda às suas famílias", informa.
De
acordo com os funcionários do PCPA, houve visível melhoria no ambiente
de convívio. Elas estão menos agressivas e mantém as celas totalmente
limpas, além de não mais sofrerem discriminações por parte de outros
apenados. No Brasil, medida semelhante só existe em Minas Gerais.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfG-eM51f_31ArarlI6tcJxP38_QZpzmAc27dauGZS8mwA0UbQE1wXTpMqoXPAma0Wljc5M-ippEcHSc1jR1Qfa6nKNc2O_Mli5PRJuR3ihROwXrRTZopfS0-nY9wC5uokDCpdWicw_RgL/s640/Presidio+2.jpg)
Marcelly Malta, em oficina realizada na nova ala
Reinvidicações
Conforme Analanda, 25, e Tininha, 50, travestis que estão em situação
de prisão, e que colaboraram com o projeto, são necessários mais avanços
no que diz respeito ao ambiente prisional. "Queremos ser vistas como
ser humano, e não como ser esquisito, porque também temos sentimentos,
famílias, direitos e amor próprio", enfatiza Analanda.
Além
disso, as travestis estão formulando um projeto para que seja liberada a
entrada de lingeries, cremes e roupas femininas. Segundo as travestis,
elas eram estigmatizadas pelos outros presos em razão de suas
orientações sexuais. "Era impossível viver nessas situações de
preconceito", afirma Tininha.
Texto:
Neiva Motta, publicado originalmente no site da SUSEPE.
Fotos:
Arquivo da Igualdade-RS, disponivel em sua página no Facebook