sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O Direito à Sexualidade

Revista Carta Capital

17/02/2009 11:52:30
Phydia de Athayde

"Quando eu crescer, vou ser mulher”, dizia, na infância, a psicóloga clínica Beth Fernandes, de 42 anos. Ela nasceu com um corpo de homem e por quatro décadas vivenciou um drama que, apesar de avanços recentes, ainda é mal compreendido. Não é fácil entender como alguém pode nascer homem e sentir-se mulher, ou vice-versa.
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A medicina reconhece o transexualismo como um “transtorno de identidade de gênero” que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, ocorre em um a cada 30 mil nascidos homens e uma a cada 100 mil mulheres. É raro, mas é real.
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Depois de tentativas frustradas de adequação, Beth seguiu um caminho comum a muitas transexuais. Aderiu a tratamentos clandestinos para tentar adequar o corpo de homem aos sentimentos de mulher. Há dez anos, escapou desse perigoso ciclo ao ingressar no Projeto Transexualismo, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás.
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O acompanhamento psicológico, psiquiátrico e endocrinológico antecedeu a cirurgia de transgenitalização, realizada em junho do ano passado. “Quando aconteceu, me senti aliviada e limpa. Minha vida mudou completamente. Finalmente, me encontrei socialmente. Hoje, posso entrar num shopping e tomar um café”, diz, orgulhosa. Até meados do ano passado, essas cirurgias eram realizadas apenas em caráter experimental, com o respaldo de uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM). Em agosto de 2008, uma portaria do Ministério da Saúde mudou essa situação ao inserir o procedimento entre os previstos no Sistema Único de Saúde (SUS). Significa que o governo federal reembolsará os hospitais pela cirurgia.
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Assinada pelo ministro José Gomes Temporão, a portaria adota os termos do CFM e determina, entre outros, que os pacientes passem por uma equipe multidisciplinar e que recebam tratamento hormonal antes e depois da cirurgia, esta, somente autorizada após um diagnóstico preciso, que leva no mínimo dois anos para ser confirmado. Isso é rotina nos quatro Centros de Referência autorizados a fazer o procedimento pelo SUS, caso do HC da Universidade Federal de Goiás.
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“Com o pagamento das cirurgias, esperamos melhorar nossos equipamentos e ampliar a capacidade de atendimento”, diz Mariluza Silveira, professora do departamento de ginecologia e obstetrícia da UFG. Ela coordena o projeto do qual Beth é paciente e que, de 2001 até hoje, realizou 25 cirurgias. Neste ano estão programados dez procedimentos, o limite do hospital. “Para atender mais, precisaria aumentar a equipe cirúrgica. Além disso, quase todas as cirurgias desse tipo necessitam de, em média, um ou dois retoques”, diz.
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Os coordenadores dos Centros de Referência têm em comum a especialização obtida no exterior e o desafio de atender um grupo socialmente discriminado. “O reconhecimento do SUS é muito positivo, pois ainda existe muito preconceito contra transexuais, não apenas entre leigos. Esta é uma cirurgia reparadora tanto quanto a que corrige o lábio leporino. São situações gratificantes em que a medicina pode aliviar o sofrimento humano”, defende a médica.
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No Rio de Janeiro, o urologista Eloisio Alexsandro coordena o Centro de Referência do Hospital Universitário Pedro Ernesto (ligado à Uerj). Em 2008, fez 25 cirurgias. É pouco para a demanda. “Tenho 30 pacientes liberadas para a cirurgia e outras 50 inseridas no nosso programa. Preciso de mais horas no centro cirúrgico e de mais pessoal, pois o volume de trabalho cresceu muito”, diz o cirurgião. Além de provocar aumento na procura, ele acredita que a inclusão da cirurgia nos procedimentos do SUS ajudou a diminuir o preconceito. “Foi como se, mesmo sem entender bem, as pessoas aceitassem melhor, agora que o Ministério da Saúde chancela a operação. Ficou mais fácil na enfermagem, com o maqueiro, com os funcionários em geral.”
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Numa manhã de quarta-feira, a esteticista Beatriz de Jesus Cordeiro, de 27 anos, esperava pela primeira consulta no programa coordenado por Alexsandro. “Sei que a maratona será longa, dois anos no mínimo, mas estou muito disposta. Nas transexuais, a mulher aflora de dentro para fora. Se um dia eu puder ser mulher de fora para dentro, realizarei o sonho de uma vida”, diz ela, que nasceu homem e milita na Associação das Travestis, Transexuais e Transgêneros do Rio de Janeiro.
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Como os demais, o Centro de Referência no Rio Grande do Sul sofre com a demanda maior do que a capacidade de atendimento. Walter Koff, responsável pelo programa no Hospital das Clínicas de Porto Alegre (ligado à UFRGS), lamenta que a cirurgia para as mulheres (menos frequente) e o implante de prótese mamária para os homens não tenham sido incluídos na portaria do SUS (a redução do pomo-de-adão, por exemplo, está). Até antes do documento, esses dois procedimentos eram reembolsados pelo convênio do HC com o governo gaúcho. “A portaria é positiva porque, teoricamente, aumenta o acesso à cirurgia. Mas a luta é para incluir esses dois procedimentos.” O HC gaúcho realiza, em média, 25 cirurgias por ano e, no momento, tem 100 pacientes em fase de preparo.
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O Centro de Referência localizado na maior cidade do País enfrenta a situação mais precária. O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP tem apenas quatro funcionários na equipe responsável por fazer a triagem, o diagnóstico e a cirurgia. A endocrinologista Elaine Maria Frade da Costa integra o grupo e reconhece. “Temos um gargalo na avaliação psicológica e psiquiátrica e outro na hora de conseguir vaga para a cirurgia”, diz. Hoje, 98 pacientes cadastradas nem sequer tiveram o primeiro contato com a equipe. Há outras 80 em acompanhamento e, dessas, perto de dez aguardam apenas uma vaga para a cirurgia. O acesso de novos pacientes está fechado e será reaberto apenas em agosto.
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Na avaliação de Elaine, o reembolso do SUS não muda essa realidade. “Eu preciso é de vagas na cirurgia e não de dinheiro”, diz. “No HC faltam anestesistas, é um problema geral do hospital. É uma questão mais política e governamental do que financeira.”
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As limitações dos hospitais, seja em Goiás, em Porto Alegre, no Rio de Janeiro, seja em São Paulo, são bem conhecidas das transexuais. “Elas continuam sofrendo, continuam sem perspectiva, e as filas não andam”, reclama Carla Machado, militante do Coletivo Nacional de Transexuais.
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Se depender dos fervorosos da Câmara, tais filas nem sequer existiriam. O deputado Miguel Martini, do movimento Renovação Carismática da Igreja Católica, protocolou um projeto de lei que visa suspender a portaria do Ministério da Saúde. “Se o SUS não tem condições de atender as mulheres no pré-natal, nem pacientes oncológicos, como poderá fazer cirurgia para mudança de sexo?”, argumenta. Para a contenda seguir adiante, terá de passar por duas comissões na Câmara antes de ir a plenário.
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O secretário de Atenção à Saúde do ministério, Alberto Beltrame, considera descabido questionar a portaria que, no mais, está respaldada pelo CFM. “Nada do que é humano pode ser estranho ao SUS. Não é possível nem justificável que o SUS, que é público, universal e igualitário, dê as costas a uma parcela da população”, diz. “Não podemos aceitar uma argumentação que esconde um pensamento preconceituoso.”
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Desde a portaria até janeiro deste ano, o SUS reembolsou sete cirurgias, pelas quais pagou, ao todo, 8.120 reais. Esse valor representa 0,0016% do total pago pelo SUS por cirurgias de alta complexidade em 2008.
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Confira a matéria original no site da Revista Carta Capital:
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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Campanha Não Homofobia tem recebido poucas assinaturas. Colabore para modificar esse quadro.

Queridos leitores e leitoras do nosso blog, a pedido do Grupo Arco-Íris, estamos divulgando matéria do site A Capa, sobre a pouca quantidade de assinaturas alcançadas até agora e algumas medidas para tentarmos modificar esse quadro:

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"Galera, saiu no site da A Capa (clique aqui para ler). Apenas 33 mil assinaturas até agora. Precisamos mudar esse quadro urgente e para isso precisamos de você e da sua mobilização. Para isso, precisamos organizar voluntários para fazer uma grande onda viral na internet, principalmente no orkut.

Como isso?

1- Encaminhe para 10 amigos o site www.naohomofobia.com.br e peça para que eles façam o mesmo;

2- Existem 3 passos básicos super fáceis de realizar:

I- Preencha seu nome, email e RG ou CPF. O registro dessas informações será utilizado para comprovar e divulgar aos senadores o número de pessoas que são favoráveis a lei. Questão: Ahh mas eu não me sinto seguro em colocar meus dados de identidade... Resposta: O site possui um certificado de segurança, igual aos sites de bancos ou de compras na internet. O dados fornecidos são criptografados, evitando assim qualquer tipo de desvio das informações pessoais para outros fins que não sejam da campanha. Lembramos que um abaixo-assinado para ter valor real e jurídico precisa constar o registro de identidade da pessoa. Senão seria muito fácil, era só inventar um monte de nomes e e-mails e mandar;

II- Digite seu e-mail e depois do OK, acesse sua caixa de entrada de e-mail. Lá você encontrará uma mensagem enviada a partir do site. Basta clicar em "Responder para todos" (ou "Reply to All") e os endereços dos 81 parlamentares que compõem o Senado Federal estarão no campo de destinatário, pronto para enviar o seu desejo pela aprovação da lei que criminaliza a homofobia no Brasil;

III- Multiplique as adesões. Indique para seus amigos/as!! Coloque o nome e e-mails deles/as e mande um convite para que eles/as também assinem o abaixo-assinado;

3- Crie comunidades no orkut e blogs para divulgar a campanha;

4- Poste comentários em Fóruns de comunidades que combatam a homofobia ou que sejam contra o preconceito;

5- Fizemos um levantamento de 1000 assinaturas por estados e tivemos o seguinte quadro:

Votos por estado
AC: 7 votos(0.65%)
AL: 4 votos(0.37%)
AP: 3 votos(0.28%)
AM: 6 votos(0.55%)
BA: 76 votos(7.00%)
CE: 40 votos(3.69%)
DF: 81 votos(7.47%)
ES: 7 votos(0.65%)
GO: 31 votos(2.86%)
MA: 7 votos(0.65%)
MT: 10 votos(0.92%)
MS: 7 votos(0.65%)
MG: 85 votos(7.83%)
PA: 81 votos(7.47%)
PB: 19 votos(1.75%)
PR: 40 votos(3.69%)
PE: 43 votos(3.96%)
PI: 9 votos(0.83%)
RJ: 110 votos(10.14%)
RN: 14 votos(1.29%)
RS: 48 votos(4.42%)
RO: 2 votos(0.18%)
RR: 1 voto(0.09%)
SC: 24 votos(2.21%)
SP: 319 votos(29.40%)
SE: 10 votos(0.92%)
TO: 1 voto(0.09%)

Vamos investir em comunidades dos estados que possuam menos adesões à campanha, pessoal!!!

6- Seja criativo/a. Quaisquer idéias novas são super bem-vindas. Vamos colocar a mão na massa e trabalhar pela aprovação do PLC 122/06 e tornar crime a homofobia no Brasil."

Conforme recado postado no Orkut pelo perfil do Grupo Arco-Íris - GAI, no dia de hoje.
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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Anne Hathaway vai interpretar personagem crossdresser no teatro


A atriz Anne Hathaway, de recente sucesso no filme "Agente 86" (Get Smart) e indicada ao Oscar 2009 pela atuação em "O Casamento de Raquel" (Rachel Getting Married), vai atuar na peça Shakespereana "Twelfth Night" (Noite de Reis), interpretando a personagem Viola, que se passa por homem em boa parte da trama.


Anne interpretando a Agente 99 em "Get Smart"


A peça será encenada no Delacorte Theather, no Central Park em New York, no período de 9 de junho a 12 de julho, dentro do projeto Shakespeare in the Park, sendo dirigida por Daniel Sullivan, com trilha sonora do conhecido Philip Glass.

Na trama, Viola e Sebastian, seu irmão gêmeo idêntico, são atores e cantores que fazem seus shows, incluindo apesentações transformistas, para os passageiros do navio em que estão embarcados.

Porém, ao enfrentar uma forte tempestado, o navio naufraga e Viola consegue chegar à praia do Reino de Illyria. Não há vestígios de Sebastian, que é dado por morto.

E Viola, para enfrentar um ambiente hostil e tentar reencontrar o irmão, passa a se vestir de homem, conseguindo emprego como pajem do Duque Orsino, apaixonado pela Condessa Olivia, com o quais se envolve em diversas situações confusas, devido ao seu novo papel de gênero.

Seguindo os links adiante, confiram as notícias recentes (em inglês), sobre a participação de Anne Hathaway nessa nova montagem de "Twelfth Night":

Anne Hathaway To Break New, Cross-Dressing Ground Onstage


Anne Hathaway Cast In Shakespeare in the Park Twelfth Night; Daniel Sullivan to Direct

Agora resta esperar para ver como essa atriz, tão bela e feminina vai aparecer caracterizada como homem.

O blog Cultura Crossdresser, no início deste ano, já havia noticiado e comentado sobre um filme inglês de 1996, baseado na mesma peça:
http://culturacd.blogspot.com/2009/01/filmes-noite-de-reis-twelfth-night.html
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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

8º CROSS DAY BY DUDDA NANDEZ: CARNACROSS

Atenção a todas as CDs de Sampa e proximidades:

No próximo dia 14 de fevereiro, a nossa querida Dudda Nandez promoverá em seu Studio, o 8º Cross Day, um evento destinado à confraternização entre crossdressers, desta vez tendo como tema o Carnaval, com possibilidade das CDs que quiserem, ou ainda não possuem material ou prática suficiente, contratarem serviços de produção completa e de uma saída para um barzinho mais tarde.

Segue a mensagem oficial de divulgação, conforme postada no blog do Studio Dudda Nandez:

"Hello Gals,

Mais um começo de ano e os anseios retomam nossas mentes e corações. Como será esse ano? O que vou acrescentar em minha vida? O que vou mudar? Vou realizar isso... Vou realizar aquilo.

Faz parte do ser humano ter sonhos, desejos...

É importante evoluirmos sempre, nos conhecermos mais, por em prática nossos planos, arriscar mais, curtir momentos felizes, momentos prazerosos consigo mesmo.

Devido a pedidos das garotas estou realizando mais um Cross Day neste mês de Fevereiro que entra logo mais.

A diferença é que esse será um Encontro diferente dos anteriores, talvez o que mais mexe com o íntimo das meninas, o que mais dá um friozinho na barriga, um tremor...rs...

Neste Encontro faremos a Produção no Studio e todas sairemos juntas para comemorar o Carnaval (antecipado né) em um Barzinho aqui em São Paulo. Claro que discreto e reservado, sem expor minhas queridas Crossdressers.

Vai ser comum para algumas, novo para muitas e divertido para todas... Então gals, junte-se a nós e vamos para mais um CROSS DAY. Abaixo, vejam mais dados sobre o Evento. Clique na Foto.

Informações: duddanandez@hotmail.com

Beijos a todas

Com amor

Dudda Nandez"

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Ator Jude Law faz papel de mulher em novo filme

da Folha Online

04/02/2009 - 12h28

O ator Jude Law se transformou em uma mulher em seu novo filme, "Rage".


A diretora Sally Porter escalou o ator para interpretar Minx, uma modelo misteriosa e famosa. O enredo conta a história de assassinatos em mansões luxuosas de Manhattan.


Lily Cole --uma verdadeira topmodel-- também está no elenco, que conta ainda com Judi Dench, Dianne Wiest e Steve Buscemi.


O longa tem estreia mundial prevista para fevereiro.

Jude Law é Minx, uma famosa modelo misteriosa em uma trama

que trata de assassinatos em Manhattan


Segue o link para a matéria, na Folha Online - Ilustrada:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u498749.shtml
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